Jordhan Lessa, primeiro guarda municipal trans do Rio de Janeiro e morador de Maricá, conduzirá a tocha olímpica nesta quarta-feira, na cidade de Nova Iguaçu, por volta das 17h30. Jordhan tem 49 anos, mora há 16 anos em Maricá e está há 18 na Guarda Municipal.
Para Jordhan, o convite para conduzir a tocha o surpreendeu, mas ele acredita que pode ter sido um reconhecimento por sua história de vida.
Porém, ele não será o primeiro trans a participar do evento. Além dele, o cartunista Laerte e a modelo Lea T também foram convocados.
História
Filho adotivo de uma família de classe média alta de Copacabana, na Zona Sul do Rio, e como a maioria dos transexuais, Jordhan cresceu achando que ocupava um corpo estranho. Desde criança a então menina apresentava traços de menino e para que não fosse confundido como tal, a mãe tratou logo de mandá-lo para a escola com a orelha furada. "Minha mãe achava que com brinco iriam saber que eu era menina. Mas um menino me perguntou logo de cara: 'Se você é menino, por que sua mãe colocou um brinco em você?'", lembra Jordhan.
Carioca e casado há sete anos com a artesã e cantora Bombom Lessa, Jordhan demorou muito para aceitar que não era apenas um homossexual mas, sim um trans. Antes, ao longo de toda a sua vida, ela era "uma lésbica masculinizada". A personalidade, inclusive, foi um dos maiores desgostos dos pais adotivos. "Minha mãe me internou em várias instituições psiquiátricas até me expulsar de casa quando era adolescente. Dormia em cima de um banco da praça Praça Serzedelo Corrêa, perto de onde morava, em Copacabana. Minha mãe passava na rua e me xingava de sapatão. Tomava banho no banheiro de um posto de gasolina e me alimentava pedindo comida em bares."
Depois de ir de carona até a Argentina com um grupo de mochileiros, ele resolveu que iria concluir os estudos. Trabalhou como camelô, em supermercados, até que concluiu o primeiro grau em um supletivo do governo. Alguns anos depois terminou o segundo grau. "Queria ser o melhor em tudo e prestei concurso para a Guarda Municipal. Dentre 22 mil candidatos, passei em quinto lugar."
Até então Jordhan ainda não tinha se assumido trans. Sua transformação aconteceu com a ajuda da mulher. Bombom sempre disse para Jordhan que ele era trans e não lésbica. "Só me convenci disso depois de ouvir a palestra de João Neri, o primeiro trans operado brasileiro de 63 anos. Li seu livro em uma noite e foi ali que me reconheci."
Transição de gênero e preconceito
Há um ano, Jordhan deu início a um tratamento hormonal para ganhar um aspecto mais masculinizado. Na mesma época realizou a mamoplastia para retirar os seios. Mas o processo nem sempre foi fácil. O trabalho em um ambiente extremamente masculino já foi alvo de preconceito. "No início, quando entrei na Guarda, me mandavam ficar mais feminina usando maquiagem. Como nunca usei maquiagem na vida, me negava. Quando passei no concurso, tive que preencher uma ficha na qual perguntava se eu era homossexual. Hoje esse tipo de pergunta não existe mais." Firme na sua decisão, o guarda trans acredita que tem ajudado muitos colegas. "Quero ser apenas eu: adequar meu exterior com o meu interior. O machismo aqui é grande. Alguns acham que estou errado, daí os chamo para conversar e explicar que não existe opção. Não existe escolha, se nasce assim. Já ajudei um colega que me perguntou como lidar com a filha, que revelou estar apaixonada por uma mulher. Agora ajudo a conscientizar os guardas com o 'GM sem preconceito', um manual de condutas de como eles devem agir para abordar a população LGBT." Desde a morte da mãe, há dois meses, Jordhan retomou o relacionamento com os dois irmãos e a família está em paz. "Minha irmã e meu cunhado me admiram muito. Conquistei tudo com minha luta."
Para Jordhan, o convite para conduzir a tocha o surpreendeu, mas ele acredita que pode ter sido um reconhecimento por sua história de vida.
Porém, ele não será o primeiro trans a participar do evento. Além dele, o cartunista Laerte e a modelo Lea T também foram convocados.
História
Filho adotivo de uma família de classe média alta de Copacabana, na Zona Sul do Rio, e como a maioria dos transexuais, Jordhan cresceu achando que ocupava um corpo estranho. Desde criança a então menina apresentava traços de menino e para que não fosse confundido como tal, a mãe tratou logo de mandá-lo para a escola com a orelha furada. "Minha mãe achava que com brinco iriam saber que eu era menina. Mas um menino me perguntou logo de cara: 'Se você é menino, por que sua mãe colocou um brinco em você?'", lembra Jordhan.
Jordhan ao lado de sua bela esposa Bombom Lessa (Foto: arquivo | Jordhan Lessa) |
Depois de ir de carona até a Argentina com um grupo de mochileiros, ele resolveu que iria concluir os estudos. Trabalhou como camelô, em supermercados, até que concluiu o primeiro grau em um supletivo do governo. Alguns anos depois terminou o segundo grau. "Queria ser o melhor em tudo e prestei concurso para a Guarda Municipal. Dentre 22 mil candidatos, passei em quinto lugar."
Até então Jordhan ainda não tinha se assumido trans. Sua transformação aconteceu com a ajuda da mulher. Bombom sempre disse para Jordhan que ele era trans e não lésbica. "Só me convenci disso depois de ouvir a palestra de João Neri, o primeiro trans operado brasileiro de 63 anos. Li seu livro em uma noite e foi ali que me reconheci."
Transição de gênero e preconceito
Há um ano, Jordhan deu início a um tratamento hormonal para ganhar um aspecto mais masculinizado. Na mesma época realizou a mamoplastia para retirar os seios. Mas o processo nem sempre foi fácil. O trabalho em um ambiente extremamente masculino já foi alvo de preconceito. "No início, quando entrei na Guarda, me mandavam ficar mais feminina usando maquiagem. Como nunca usei maquiagem na vida, me negava. Quando passei no concurso, tive que preencher uma ficha na qual perguntava se eu era homossexual. Hoje esse tipo de pergunta não existe mais." Firme na sua decisão, o guarda trans acredita que tem ajudado muitos colegas. "Quero ser apenas eu: adequar meu exterior com o meu interior. O machismo aqui é grande. Alguns acham que estou errado, daí os chamo para conversar e explicar que não existe opção. Não existe escolha, se nasce assim. Já ajudei um colega que me perguntou como lidar com a filha, que revelou estar apaixonada por uma mulher. Agora ajudo a conscientizar os guardas com o 'GM sem preconceito', um manual de condutas de como eles devem agir para abordar a população LGBT." Desde a morte da mãe, há dois meses, Jordhan retomou o relacionamento com os dois irmãos e a família está em paz. "Minha irmã e meu cunhado me admiram muito. Conquistei tudo com minha luta."
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