Maurício Pássaro - Quando minha filha pedia para comprar alguma coisa, um sorvete, um doce, antes de comprar eu fazia uma brincadeira, só para cair no riso vendo seu rostinho indignado. Eu lhe dizia: “Sim é Não e Não é Sim. Você deseja mesmo o sorvete?” Ela entendia a lógica e respondia um risonho “não”. E eu completava: “Bom, se você não quer...” Até ela voltar à linguagem normal e dizer “Sim! Sim!”, e eu, só de implicância, dizer que “Sim é Não".
Observando o cenário político – esse mundo infantilizado pelo poder – percebo o uso da mesma brincadeira, entre candidatos, militantes e comentaristas. Enquanto a Democracia se restabelecia, era fácil e prático saber quem pertencia à esquerda ou à direita. A esquerda era a esperança. E a direita, o mais do mesmo: símbolo de exploração da classe trabalhadora, clube de empresários e banqueiros, elites em geral que dão ordens ao mundo. Sim era sim; não era não.
Até chegar ao poder, o grande mote das esquerdas era “A esperança vencerá o medo”. PT decepcionou porque comprometeu aquilo que era, enfim, uma carta na manga: a sua “reserva” moral, o seu capital imaculado da ética. O partido perdeu a chance de ouro de mostrar ao que vinha, que uma “nova política” era possível, mas caiu (ou se jogou) nas mesmas armadilhas de seus adversários históricos, a direita – o antro “natural” da corrupção e da incompetência.
E agora? Como classificar o PT? Ora, um partido de direita. Maculado pelos vícios da corrupção e do poder econômico, financiado pelo grande capital de empreiteiras e bancos, como poderia ser de esquerda?
PT perdeu a chance de mostrar que era “diferente” e teve três mandatos consecutivos na presidência, quase o tempo que ficaram os militares. Além disso, trouxe um prejuízo à grande parte de seu eleitorado e simpatizantes, que hoje vivem essa aflição da confusão conceitual. Mas, nada que não renda uma boa discussão sobre a mais-valia durante um lanche gorduroso no McDonalds. No fundo, uma questão existencial.
Deve ser difícil mesmo o sujeito, depois do que já aprontou o seu partido, manter uma coerência, em debates e comentários. Ver Maluf, Collor e Sarney fazerem campanha para Dilma, as doações (oficiais) milionárias de grandes empresas, de bancos que nunca faturaram tanto como nos últimos anos, e ainda se convencer de que vota em um partido de “esquerda”. Ele vai descobrir que sua cura talvez esteja, não na leitura de Marx, mas no divã do Freud.
A forma encontrada para amenizar o cipoal de contradições é olhar o cisco no olho do adversário. Classificar Aécio de “direita”, esquecendo que o seu avô, Tancredo Neves, sua herança política, foi um símbolo da esquerda que um dia se uniu para banir de vez o regime militar. Tancredo foi ministro de Getúlio Vargas e primeiro-ministro, em rápida experiência parlamentarista, com João Goulart. Olhando os galhos dessa árvore histórica, não dá para ver em Aécio propriamente um fruto da direita, no máximo centro-esquerda.
Parece que estamos brincando de “Sim é Não e Não é Sim”. A gente finge que Fulano é de esquerda só porque sua bandeira é vermelhinha e Sicrano, de direita, e fica tudo bem. Mas, brincadeira é coisa séria.
Não sabe brincar, não brinca.
Observando o cenário político – esse mundo infantilizado pelo poder – percebo o uso da mesma brincadeira, entre candidatos, militantes e comentaristas. Enquanto a Democracia se restabelecia, era fácil e prático saber quem pertencia à esquerda ou à direita. A esquerda era a esperança. E a direita, o mais do mesmo: símbolo de exploração da classe trabalhadora, clube de empresários e banqueiros, elites em geral que dão ordens ao mundo. Sim era sim; não era não.
Até chegar ao poder, o grande mote das esquerdas era “A esperança vencerá o medo”. PT decepcionou porque comprometeu aquilo que era, enfim, uma carta na manga: a sua “reserva” moral, o seu capital imaculado da ética. O partido perdeu a chance de ouro de mostrar ao que vinha, que uma “nova política” era possível, mas caiu (ou se jogou) nas mesmas armadilhas de seus adversários históricos, a direita – o antro “natural” da corrupção e da incompetência.
E agora? Como classificar o PT? Ora, um partido de direita. Maculado pelos vícios da corrupção e do poder econômico, financiado pelo grande capital de empreiteiras e bancos, como poderia ser de esquerda?
PT perdeu a chance de mostrar que era “diferente” e teve três mandatos consecutivos na presidência, quase o tempo que ficaram os militares. Além disso, trouxe um prejuízo à grande parte de seu eleitorado e simpatizantes, que hoje vivem essa aflição da confusão conceitual. Mas, nada que não renda uma boa discussão sobre a mais-valia durante um lanche gorduroso no McDonalds. No fundo, uma questão existencial.
Deve ser difícil mesmo o sujeito, depois do que já aprontou o seu partido, manter uma coerência, em debates e comentários. Ver Maluf, Collor e Sarney fazerem campanha para Dilma, as doações (oficiais) milionárias de grandes empresas, de bancos que nunca faturaram tanto como nos últimos anos, e ainda se convencer de que vota em um partido de “esquerda”. Ele vai descobrir que sua cura talvez esteja, não na leitura de Marx, mas no divã do Freud.
A forma encontrada para amenizar o cipoal de contradições é olhar o cisco no olho do adversário. Classificar Aécio de “direita”, esquecendo que o seu avô, Tancredo Neves, sua herança política, foi um símbolo da esquerda que um dia se uniu para banir de vez o regime militar. Tancredo foi ministro de Getúlio Vargas e primeiro-ministro, em rápida experiência parlamentarista, com João Goulart. Olhando os galhos dessa árvore histórica, não dá para ver em Aécio propriamente um fruto da direita, no máximo centro-esquerda.
Parece que estamos brincando de “Sim é Não e Não é Sim”. A gente finge que Fulano é de esquerda só porque sua bandeira é vermelhinha e Sicrano, de direita, e fica tudo bem. Mas, brincadeira é coisa séria.
Não sabe brincar, não brinca.
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