Torcendo pela seleção com o ator Paulo Betti
Artigo :: Maurício Pássaro - O ator Paulo Betti fez, no jornal O Globo, um rápido comentário sobre o que chamou de "chororô": a carga emocional que sofreriam os nossos jogadores, na hora de cantar o hino nacional. Segundo sua tese, isso atrapalha, compromete a concentração do time. Ele vê o hino como um choro, uma coisa triste.
E propõe uma engenhosa solução: "sugiro que eles coloquem tampões de ouvido para se alhearem do clima de tensão e não cantarem o hino". E completa a propositura dizendo que a "função" de cantar o hino deve ser deixada para os "bonitinhos torcedores que, na real, não sabem torcer e incentivar o time, pois nunca pisaram num estádio". Fez-me lembrar a famigerada "elite branca", como é comum de se ouvir no roteiro do lulopetismo, por meio de outras palavras. Como todos sabem, Lula, negro e pobre, gosta de se referir assim, volta e meia, em sua guerra entre "nós e eles". O ato de colocar tampões no ouvido é bem sintomático, praticamente um ato-falho, indício freudiano, denuncia um espírito autista, que não se abre ao pensamento diferente, de fechar-se em si mesmo, na blindagem de autolegitimação ideológica, muito própria de certos partidos ditos de esquerda. Vai ver, foram os "bonitinhos torcedores" que xingaram a presidente no Itaquerão...
O ponto alto dessa pérola, esse parecer sobre a propriedade de cantar ou não o hino nacional, vem com um recado para Felipão: o técnico "não pode passar vídeo das crianças que sobreviveram à tragédia de Teresópolis para motivar os jogadores!". Certamente. Esse é um vídeo para ser visto por Dilma e todos os governadores e prefeitos desse país que possui um dos mais bonitos, melódicos e poéticos hinos do mundo (talvez, só perca para a marselhesa). E fecha com chave-de-ouro: "melhor passar alguma coisa mais alegre, mais estimulante, como a grana que eles vão ganhar, por exemplo". Quem sabe, o vídeo dos jogadores da seleção de Gana, que ameaçaram greve, cheirando pacotes de dinheiro, não é mesmo? Ademais, as pobres crianças sobreviventes da tragédia do descaso governamental... Torceriam para que time, então?
Imaginemos o goleiro Júlio César mergulhando para espalmar uma bola. O jogador do time adversário correndo para bater o pênalti, e na cabeça de Júlio:
- Milhões! Contrato com os Árabes!
Ou o Neymar driblando e, em cada finta, um pensamento:
- Beleza, essa vai-me render a renovação do contrato, e vou querer aumento!
É claro que nesses momentos eles só pensam no amor à pátria, ao florão da América iluminado ao sol do novo mundo. Mas, isso não nos deve ser motivo de espanto. Apenas revela como anda o padrão de raciocínio de um ator engajado politicamente e a plataforma de seu partido - aquele que, no passado, quando oposição, gritava nas ruas: "O povo não é bobo / Abaixo a Rede Globo!" Ator que se beneficia de milhões pela Lei Rouanet, com a intimidade, para não dizer promiscuidade, que possui com o partido, a fim de emplacar projetos audiovisuais, filmes, etc.
"Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas...?" Arghh! Precisamos de um novo hino que enalteça a grandeza do dinheiro e da fortuna, um formoso céu risonho e límpido.
E no teatrinho do fomento à cultura, nada de papel. Os atores precisam é de grandes financiamentos do Estado, dinheiro meu e seu, leitor. Eis a nova persona.
Sai de cena o papel. Entra no palco o papel-moeda.
ACORDA BRASIL
ResponderExcluirA Dilma deu 5% de aumento para os Aposentados que trabalharam e contribuíram a vida inteira. Deu 10% de aumento para o Bolsa Família, para quem não trabalha e nem contribui. Aposentados, que nem precisam mais votar, estão se organizando para ir as urnas e dar uma resposta a Dilma. Faça a sua parte, também, e vamos fazer justiça ao trabalhador brasileiro.
Belo texto!
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