Por William Amaral
Goleada foi a maior humilhação
sofrida pela seleção na história
O que dizer após o maior vexame da história da seleção brasileira?
O que pensar após ver 5 gols alemães em apenas 30 minutos? Certamente, o time do
bairro ofereceria maior resistência enquanto durasse o fôlego e o que se viu ontem
foi o símbolo de tudo que envolveu a realização desta Copa do Mundo no Brasil, ainda
que os jogadores não tenham nada a ver com isso, os sete gols que a seleção levou
fazem um paralelo com a humilhação pela qual o povo passa todos os dias, mas que
parece não doer tanto como a perda esportiva.
Deixando a política um pouco de lado, os gols de Muller,
Klose, Kroos(2), Khedira e Schurlle(2) mancharam a bela história brasileira em
Copas do Mundo, porém uma humilhação como esta sempre é precedida de alguns
erros. Vejamos:
1-
Convocação
– Se o time titular, campeão da Copa das Confederações, era quase inquestionável,
boa parte dos reservas jamais demonstrou capacidade de suprir uma ausência ou
realizar algo novo quando esteve em campo. Jogadores como Bernard, Hernanes e Jô
são apenas comuns. Não têm capacidade para vestir a camisa do Brasil. Atletas
em destaque na Europa como o meia Philippe Coutinho e o zagueiro Miranda ou
craques consagrados como Kaká e Robinho, ambos em fase regular, foram deixados
de fora pelo corporativismo de Felipão, que convoca pela amizade e não pelo
momento.
2-
Preparação
– A Granja Comary é há muito tempo o local de preparação da seleção brasileira.
O clima ameno não reflete o calor dos estádios desta Copa do Mundo. Como
comparação, a Alemanha se hospeda no sul da Bahia e enfrenta diariamente um
calor com o qual os jogadores não estão acostumados. Mesmo assim, os
treinamentos ao meio-dia e a sala de musculação sem ar-condicionado prepararam
os jogadores alemães para enfrentar o calor brasileiro e vencer as partidas,
também, na parte física. Enquanto isso, o grupo de Felipão treinava no frio e
jogava no calor, sofrendo durante as partidas, como foi contra o Chile.
3-
Poucos
treinos – Preocupado em preservar seus titulares, Felipão encurtou os
treinos da seleção. O time estreou na Copa tendo feito apenas três coletivos em
17 dias. O resultado disso foi a falta de capacidade de criar jogadas do time. Os
laterais nunca chegavam à linha de fundo e as jogadas individuais de Neymar
eram o único caminho para desmontar as defesas rivais.
4- Declaração polêmica – Após a partida contra o Chile, Felipão se reuniu informalmente com alguns jornalistas a fim de pedir apoio total à seleção. No encontro, o treinador afirmou que se arrependeu da convocação de um dos jogadores, porém não disse qual. Os atletas pouco comentaram sobre o assunto, mas certamente viram o fato como traição por parte de Scolari.
5- Falta de alternativas – Com o fraco banco, a equipe não tinha alternativas de mudança. O que Hernanes, Bernard e Jô poderiam fazer de diferente do time titular? Nada. Talvez Robinho, Kaká ou Philippe Coutinho não fossem capazes de classificar o Brasil para a final, mas certamente suas presenças causariam mais respeito por parte dos adversários e em campo poderiam oferecer uma qualidade inexistente no grupo de jogadores. Com a ausência de Neymar, Felipão teve a chance de recorrer a um time mais defensivo, o que é normal diante de um adversário claramente superior, mas essa parecia não ser uma opção e ele confiou em um de seus limitados convocados, que, obviamente, não foi capaz de representar 10% do que Neymar vinha realizando.
6- Teimosia de Felipão – O que deu certo no início da carreira do treinador, parece ser um peso atualmente. Felipão insistiu o quanto pôde com Daniel Alves e Paulinho. Vendo o time se perder contra os alemães, não foi capaz de fazer alterações e seguiu com os mesmos jogadores até o intervalo. O treinador, que antes de assumir o comando da seleção, deu vexame no Palmeiras, parece ultrapassado, confiando em jogadores altamente questionáveis. Não à toa, o clube paulista foi parar na 2ª divisão após quase três anos de trabalho de Scolari.
7- Escalação contra a Alemanha – Quando todos apostavam que o técnico colocaria Luiz Gustavo na vaga de Neymar, deixando o time com três volantes, Felipão apostou no jovem e apenas veloz, Bernard, que não causou nenhum dano à defesa alemã. O Brasil tentou enfrentar o time de Joachim Low de igual pra igual. Não foi capaz. Cometeu o mesmo erro de Portugal e foi engolido por um time melhor e mais organizado.
Os teóricos da conspiração tem material farto para especular sobre os resultados do jogo de ontem. Como pode um treinador experiente, campeão do mundo, elaborar um esquema tático com um vazio enorme no meio de campo? O resultado não poderia ser outro senão uma derrota arrasadora. Teria o futebol imitado nossas vidas? Derrotas diárias, impostas por governantes que nos vendem para aqueles que lucram com a nossa condição social de semiescravidão.
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