Artigo :: Maurício Pássaro
Angelina Jolie está emprestando seu belo rosto para chamar a atenção sobre uma campanha que busca conter a violência sexual em guerras. Na República Democrática do Congo, trinta e seis mulheres e meninas são estupradas por dia, em média. Enquanto você lê estas linhas mal traçadas, há uma delas pedindo socorro, muito longe, em vão. Desde 1998, totalizando 200 mil casos. Dois maracanãs lotados de mulheres violentadas. Serra Leoa, Bósnia e Ruanda na lista. Síria, Sudão, no centro da África.
Trezentas meninas, numa escola nigeriana, foram sequestradas e vendidas como escravas pelo Bako Haram, grupo islâmico, conforme foi noticiado recentemente pelas mídias internacionais. A opressão ao sexo feminino parece um plus a reforçar o domínio no meio da guerra que, em sua cruel essência, já vem recheada de mil violências inimagináveis. Angelina vai fundo, na sua análise, lembrando que esse tipo de violência provém de camadas mais profundas de uma cultura machista entranhada na sociedade, nas culturas, no mundo, desde muito tempo. Em todo estupro, em guerras ou não, cabe sempre aquela surda e desconcertante indagação: como pode um homem se excitar numa situação dessas e ir até aos finalmente?
Angelina Jolie, que já tem “anjo” no próprio nome, poderia ser uma daquelas artistas amarguradas, deprimidas, pois teve câncer de mama e teve que fazer cirurgia para retirar os seios. Um baque na vaidade. Muitas beldades se atirariam da sacada de seus apartamentos, por muito menos. Em vez disso, Angelina se empenha nas campanhas. Se for preciso, ela viaja até ao fim do mundo (em todos os sentidos) para se encontrar com esse povo oprimido, no trabalho humanitário, correndo perigo de morte, em regiões africanas, com os refugiados, que já somam uns 52 milhões no mundo. Recentemente ela aparece no filme Malévola, onde se conta outra versão da estória da Cinderela. Se o diretor tentou fazê-la ficar feia e má, não conseguiu: sua beleza transcende e ela rouba a cena da Cinderela – a personagem principal, pela tradição. Além disso, na versão, a bruxa, na verdade, ao contrário do que se pensa, é uma boa pessoa, fada que foi traída por um homem interesseiro e falso que corta suas asas (haveria embutido nesse corte um símbolo de violência sexual?). Mas, na vida real, ninguém corta suas asas. Seus voos pela ajuda humanitária não têm limites. Eu já era fã, fiquei ainda mais. Brad Pitt, com quem ela se casou, é realmente um lucky guy.
A que ponto chega esta insanidade das guerras! Não havendo mais como pedir pelo fim dos conflitos – eles seriam inevitáveis – implora-se, ao menos, por uma forma mais civilizada de guerra, onde não se estupre as mulheres do adversário. Deve haver regras para os conflitos, e o estupro está a infringir os princípios acertados internacionalmente. Se os homens precisam se matar uns aos outros, se a indústria bilionária das armas necessita despachar seus produtos, auferir lucros e empregos, pelo menos isentem as mulheres da violência sexual. Ms Jolie pede na campanha: No sexual violence in conflicts. Guerras não são mais evitáveis? A campanha trabalha descartando essa hipótese, sendo realista e procurando salvaguardar aquelas que precisam existir para dar vazão às futuras gerações.
Em se tratando da loucura humana, se a situação pode sempre piorar um pouquinho mais, imaginemos outra Angelina Jolie, daqui a décadas, em campanha para o uso da camisinha nos estupros inevitáveis das guerras inevitáveis. A indústria bélica não estaria, então, sozinha nisso: entraria em cena, nessa estória, que não é um conto de fadas, a indústria dos preservativos.
Se não se evita o estupro, ao menos que ele seja feito com a camisinha e assim se previna quanto à Aids e à gravidez indesejada. Esperemos que o mundo não chegue a esse ponto. Que se espraia sobre ele a voz desta anja.
Angelina Jolie está emprestando seu belo rosto para chamar a atenção sobre uma campanha que busca conter a violência sexual em guerras. Na República Democrática do Congo, trinta e seis mulheres e meninas são estupradas por dia, em média. Enquanto você lê estas linhas mal traçadas, há uma delas pedindo socorro, muito longe, em vão. Desde 1998, totalizando 200 mil casos. Dois maracanãs lotados de mulheres violentadas. Serra Leoa, Bósnia e Ruanda na lista. Síria, Sudão, no centro da África.
Trezentas meninas, numa escola nigeriana, foram sequestradas e vendidas como escravas pelo Bako Haram, grupo islâmico, conforme foi noticiado recentemente pelas mídias internacionais. A opressão ao sexo feminino parece um plus a reforçar o domínio no meio da guerra que, em sua cruel essência, já vem recheada de mil violências inimagináveis. Angelina vai fundo, na sua análise, lembrando que esse tipo de violência provém de camadas mais profundas de uma cultura machista entranhada na sociedade, nas culturas, no mundo, desde muito tempo. Em todo estupro, em guerras ou não, cabe sempre aquela surda e desconcertante indagação: como pode um homem se excitar numa situação dessas e ir até aos finalmente?
Angelina Jolie, que já tem “anjo” no próprio nome, poderia ser uma daquelas artistas amarguradas, deprimidas, pois teve câncer de mama e teve que fazer cirurgia para retirar os seios. Um baque na vaidade. Muitas beldades se atirariam da sacada de seus apartamentos, por muito menos. Em vez disso, Angelina se empenha nas campanhas. Se for preciso, ela viaja até ao fim do mundo (em todos os sentidos) para se encontrar com esse povo oprimido, no trabalho humanitário, correndo perigo de morte, em regiões africanas, com os refugiados, que já somam uns 52 milhões no mundo. Recentemente ela aparece no filme Malévola, onde se conta outra versão da estória da Cinderela. Se o diretor tentou fazê-la ficar feia e má, não conseguiu: sua beleza transcende e ela rouba a cena da Cinderela – a personagem principal, pela tradição. Além disso, na versão, a bruxa, na verdade, ao contrário do que se pensa, é uma boa pessoa, fada que foi traída por um homem interesseiro e falso que corta suas asas (haveria embutido nesse corte um símbolo de violência sexual?). Mas, na vida real, ninguém corta suas asas. Seus voos pela ajuda humanitária não têm limites. Eu já era fã, fiquei ainda mais. Brad Pitt, com quem ela se casou, é realmente um lucky guy.
A que ponto chega esta insanidade das guerras! Não havendo mais como pedir pelo fim dos conflitos – eles seriam inevitáveis – implora-se, ao menos, por uma forma mais civilizada de guerra, onde não se estupre as mulheres do adversário. Deve haver regras para os conflitos, e o estupro está a infringir os princípios acertados internacionalmente. Se os homens precisam se matar uns aos outros, se a indústria bilionária das armas necessita despachar seus produtos, auferir lucros e empregos, pelo menos isentem as mulheres da violência sexual. Ms Jolie pede na campanha: No sexual violence in conflicts. Guerras não são mais evitáveis? A campanha trabalha descartando essa hipótese, sendo realista e procurando salvaguardar aquelas que precisam existir para dar vazão às futuras gerações.
Em se tratando da loucura humana, se a situação pode sempre piorar um pouquinho mais, imaginemos outra Angelina Jolie, daqui a décadas, em campanha para o uso da camisinha nos estupros inevitáveis das guerras inevitáveis. A indústria bélica não estaria, então, sozinha nisso: entraria em cena, nessa estória, que não é um conto de fadas, a indústria dos preservativos.
Se não se evita o estupro, ao menos que ele seja feito com a camisinha e assim se previna quanto à Aids e à gravidez indesejada. Esperemos que o mundo não chegue a esse ponto. Que se espraia sobre ele a voz desta anja.
A que ponto chegou o nosso mundo. Que tamanha barbaridade. Acho que nem os Bárbaros chegaram a tanto. Essa mulher, Angelina Jolie, é fantástica, parece-me uma outra Madre Teresa de Calcutá.
ResponderExcluirNada melhor que uma ação terrorista para justificar ações militaristas. Os teóricos da conspiração acusam a indústria bélica de fomentar todo esse contexto.
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