Maurício Pássaro - Não é difícil reconhecer que houve um golpe militar há 50 anos, no Brasil. Até a Rede Globo admite. Acesse o site zona sul memórias e você verá dezenas de fotos preto-e-branco da época. Soldados, tanques, bandeiras, soldados na rua, em 1964. Mesmo que não tenha vivido a época, vai lembrá-la. Mas, difícil, difícil mesmo é enxergar como um golpe pode ser dado em 2014.
Sei que o tema é polêmico, dá o que falar. Se todo brasileiro é um técnico de futebol em potência, também é um contador de estórias e narrador da história. É claro que a interpretação oficial, pela regra, é sempre a do vencedor, lógico, quem vence escreve a história. Hoje temos meio século de distanciamento do fato, muitos arquivos à disposição, livros, teses, filmes, listas em obituários e de desaparecidos – uma análise equilibrada é possível, ainda que rara. Nada como o distanciamento estratégico na história para se conseguir um bom ângulo, mais segurança sobre a discrição das ocorrências.
Difícil é analisar o tempo presente, quando não houve ainda prazo para se medirem as consequências e os resultados. Será? O discípulo perguntou ao sábio chinês (em passado remoto) se havia jeito de se saber como fora o passado e como será o futuro. O sábio respondeu que sim, basta observar o presente: ele é resultado do passado e é a causa do futuro. Olhe para o seu próximo, com atenção, e verá nos olhos dos idosos o passado e nos da criança o futuro. Observe seu bairro, sua cidade, seu país, seu mundo, e veja de onde ele veio e para onde vai. Claro, quem não quiser ver não verá mesmo.
É muito difícil reconhecermos que uma ditadura “vermelha-sangue” seria mais violenta, pior do que foi a que tivemos, a “verde-oliva”. Estou errado? Em cinquenta, cem anos, já não dá para vermos isso no mundo? Há mais violência para se instituir um regime novo (comunismo) do que para manter o de sempre (capitalismo) – questão de entropia, física. Podemos afirmar isso porque em cinquenta anos houve tempo suficiente para fazermos largas análises sobre várias experimentações de regimes econômicos aqui dentro e pelo mundo afora. Pra começar, deveríamos reconhecer que não existe o socialismo como imaginaram os românticos, a utopia da igualdade. Sempre existirá alguém mais ou menos “igual” que o outro. Mas, o que há então em Cuba, China, Venezuela? O que houve na antiga URSS? Capitalismo de estado. Na verdade, não há como escapar das relações capitalistas, por causa de um item simples: o preço de mercado. Os preços não se fazem por decreto, dependem de várias variantes, clima, safra, procura, oferta... No mundo globalizado, quase todo capitalista, é o mercado mundial que determina os valores, não a ideologia. Não devemos estranhar a “abertura” do mercado na China e em Cuba. Ele não é “liberado”, mas controlado. O governo e o estado são “comunistas”, mas o mercado será sempre “capitalista” (ou não será mercado, será um bingo beneficente). O tripé: uma classe rica dirigente, o rico empresariado e a classe única de trabalhadores.
Esse é o novo modelo das esquerdas, que adotam agora o socialismo gramsciano. Os maiores bilionários do mundo vieram da União Soviética. Aqui, em nosso socialismo sul-americano, encontramos vários “companheiros” que ficaram ricos numa boa, como o trotkista Antônio Palocci, ministro deposto de Lula, por envolvimento em negócios com sua Consultoria. Aliás, Lula também é “consultor” e milionário. Se você insistir em ler O Capital e o Manifesto Comunista, não vai entender nada o que se passa, vendo socialistas endinheirados. Mas, leia Gramsci, e então verá que faz sentido. E verá que a sanha para tomar o poder e governar com mão-de-ferro continua.
A sociedade brasileira deve agradecer aos grupos armados clandestinos pelo endurecimento do regime militar. Grande parte, a maioria da população buscava melhorias na qualidade de vida, reajustes salariais, mas não se movimentava por ideologia. O perigo “vermelho” fez os militares fecharem o tempo sobre todos genericamente. Meu pai, Edmilson Martins, era sindicalista do Banco do Brasil na época, cristão, entrou nesse pacote das perseguições. Foi preso por fazer uma reunião da categoria, direitos trabalhistas, não porque professava alguma ideologia.
Por uma ironia, a história colocou esse grupo de guerrilheiros no poder. E por meio de eleições! Claro, tiveram que aposentar os livros de Marx e fazer parceria com banqueiros, empresários e os partidos de “direita” que sempre atacaram. Talvez, tenha faltado isso a João Goulart, esse pregador de roupa pra tampar o nariz. Talvez ele tenha simplesmente recusado a fórmula usada agora, de cooptação. Aliás, deram um nome curioso ao regime: presidencialismo de coalizão. É assim: todos se juntam com o candidato eleito, numa “trégua tácita”, para compor um só governo. De cara, a oposição míngua. Como se consegue isso? Negociando cargos ministeriais ou em estatais e órgãos, por exemplo. Veja o conflito hoje com o PMDB. E se ficar difícil de convencer os parlamentares a passarem leis de interesse do governo? Monta-se um esquema, como o mensalão. E como, afinal, se fazer o tão propalado “socialismo”? Encampando empresas, estatizando a economia, bancos, expulsando o FMI, fazendo reforma agrária? Não, isso é coisa do passado. Os neossocialistas deixaram os ricos em paz, porém voltaram a mira à classe média. A fórmula é simples: aumento de impostos para financiar planos assistencialistas. Quem diria! Anos chamando Brizola de demagogo e populista, depois o FHC... Mas, agora, que se apeiam ao poder, não é mais demagogia nem populismo, é “redistribuição de renda”. O registro dos beneficiários dessas bolsas é um bom arquivo de títulos eleitorais, um visível curral eleitoral.
Difícil mesmo é perceber o golpe de 2014: queira Deus que o termo não passe de uma tola expressão usada agora por um inexpressivo analista. Imagine. Todo mundo com uma determinada imagem de “revolução” na cabeça, tanques, soldados, bandeiras, bombas, quando ela pode se realizar de outra forma, em silêncio, aos poucos, diluída, homeopaticamente. Aquele que sente a falta dessas coisas – tanques, soldados, bandeiras, bombas – para poder caracterizar uma revolução, não sabe o que dizer quando assiste às intervenções dos militares nas comunidades carentes e nas manifestações. E há um fato curioso: quando a situação aperta realmente no estado, nos conflitos urbanos, quando a população vê que a bandidagem está ficando fora de controle, a quem se pensa em chamar? Eles, os militares. Quem o governador acaba de chamar para resolver as questões na Maré? Fica desenhado que os militares são mesmo o “fiel da balança”.
Em pleno 2014? Golpe? Ah...! Sim, golpe. Mas, não esse, com ostentação armada. E nem precisa. É o próprio civil que o chama, em tempo de socorro. Num país minimamente sério, uma eleição dessa dimensão e a Copa não poderiam coincidir jamais. É o princípio do “impedimento”, existe uma regra, mas precisaria existir a lei proibindo isso. É claro que o governo vai usar isso até onde pode. E se o Brasil vencer... Aliás, já ouviram aquela história de que o Ronaldinho armou aquele chilique em campo, em 1998, com a Fifa, de que aquela copa era da França, mas a de 2014 seria nossa? Barbas de molho.
Agora, pense que há em silêncio gente tramando protesto e manifestação. “Não haverá copa” – já existe um recado. Vai que essa turma de “aloprados” é bem financiada para fazer bastante arruaça, atos terroristas com gabarito internacional de fazer Al Qaeda babar de inveja. E vai que, diante de um circo que pega fogo, diante da violência que se descontrola, a própria sociedade comece a implorar por uma medida emergencial: “Chamem os bombeiros!” E eis que surge a oportunidade para a repressão, para um movimento de “exceção”, artifício já banido da Carta Magna. Isso seria o governo manipulando a situação, criando o factoide, para depois obrigar as forças armadas a executarem sua cartilha. Talvez, esta seja uma estratégia: controlar o fiel da balança, já que ele não encontra mais ambiente mundial para assumir o comando. A Nova Ordem condena o militarismo regional, pois a ideia central é a de integração dos países (blocos regionais são um “ensaio”), governo único, classe social única, exército único, moeda única, etc. O mundo não quer mais militares como presidentes, esse é o recado das “primaveras”. Judiciário controlado, imprensa amordaçada, base eleitoral comprada, Internet marco-civil, sociedade big brother – não há necessidade de violência.
Teoria da conspiração? Paranoia? Viagem da cabeça? Delírio? Torço para que não passe de um delírio.
Sei que o tema é polêmico, dá o que falar. Se todo brasileiro é um técnico de futebol em potência, também é um contador de estórias e narrador da história. É claro que a interpretação oficial, pela regra, é sempre a do vencedor, lógico, quem vence escreve a história. Hoje temos meio século de distanciamento do fato, muitos arquivos à disposição, livros, teses, filmes, listas em obituários e de desaparecidos – uma análise equilibrada é possível, ainda que rara. Nada como o distanciamento estratégico na história para se conseguir um bom ângulo, mais segurança sobre a discrição das ocorrências.
Difícil é analisar o tempo presente, quando não houve ainda prazo para se medirem as consequências e os resultados. Será? O discípulo perguntou ao sábio chinês (em passado remoto) se havia jeito de se saber como fora o passado e como será o futuro. O sábio respondeu que sim, basta observar o presente: ele é resultado do passado e é a causa do futuro. Olhe para o seu próximo, com atenção, e verá nos olhos dos idosos o passado e nos da criança o futuro. Observe seu bairro, sua cidade, seu país, seu mundo, e veja de onde ele veio e para onde vai. Claro, quem não quiser ver não verá mesmo.
É muito difícil reconhecermos que uma ditadura “vermelha-sangue” seria mais violenta, pior do que foi a que tivemos, a “verde-oliva”. Estou errado? Em cinquenta, cem anos, já não dá para vermos isso no mundo? Há mais violência para se instituir um regime novo (comunismo) do que para manter o de sempre (capitalismo) – questão de entropia, física. Podemos afirmar isso porque em cinquenta anos houve tempo suficiente para fazermos largas análises sobre várias experimentações de regimes econômicos aqui dentro e pelo mundo afora. Pra começar, deveríamos reconhecer que não existe o socialismo como imaginaram os românticos, a utopia da igualdade. Sempre existirá alguém mais ou menos “igual” que o outro. Mas, o que há então em Cuba, China, Venezuela? O que houve na antiga URSS? Capitalismo de estado. Na verdade, não há como escapar das relações capitalistas, por causa de um item simples: o preço de mercado. Os preços não se fazem por decreto, dependem de várias variantes, clima, safra, procura, oferta... No mundo globalizado, quase todo capitalista, é o mercado mundial que determina os valores, não a ideologia. Não devemos estranhar a “abertura” do mercado na China e em Cuba. Ele não é “liberado”, mas controlado. O governo e o estado são “comunistas”, mas o mercado será sempre “capitalista” (ou não será mercado, será um bingo beneficente). O tripé: uma classe rica dirigente, o rico empresariado e a classe única de trabalhadores.
Esse é o novo modelo das esquerdas, que adotam agora o socialismo gramsciano. Os maiores bilionários do mundo vieram da União Soviética. Aqui, em nosso socialismo sul-americano, encontramos vários “companheiros” que ficaram ricos numa boa, como o trotkista Antônio Palocci, ministro deposto de Lula, por envolvimento em negócios com sua Consultoria. Aliás, Lula também é “consultor” e milionário. Se você insistir em ler O Capital e o Manifesto Comunista, não vai entender nada o que se passa, vendo socialistas endinheirados. Mas, leia Gramsci, e então verá que faz sentido. E verá que a sanha para tomar o poder e governar com mão-de-ferro continua.
A sociedade brasileira deve agradecer aos grupos armados clandestinos pelo endurecimento do regime militar. Grande parte, a maioria da população buscava melhorias na qualidade de vida, reajustes salariais, mas não se movimentava por ideologia. O perigo “vermelho” fez os militares fecharem o tempo sobre todos genericamente. Meu pai, Edmilson Martins, era sindicalista do Banco do Brasil na época, cristão, entrou nesse pacote das perseguições. Foi preso por fazer uma reunião da categoria, direitos trabalhistas, não porque professava alguma ideologia.
Por uma ironia, a história colocou esse grupo de guerrilheiros no poder. E por meio de eleições! Claro, tiveram que aposentar os livros de Marx e fazer parceria com banqueiros, empresários e os partidos de “direita” que sempre atacaram. Talvez, tenha faltado isso a João Goulart, esse pregador de roupa pra tampar o nariz. Talvez ele tenha simplesmente recusado a fórmula usada agora, de cooptação. Aliás, deram um nome curioso ao regime: presidencialismo de coalizão. É assim: todos se juntam com o candidato eleito, numa “trégua tácita”, para compor um só governo. De cara, a oposição míngua. Como se consegue isso? Negociando cargos ministeriais ou em estatais e órgãos, por exemplo. Veja o conflito hoje com o PMDB. E se ficar difícil de convencer os parlamentares a passarem leis de interesse do governo? Monta-se um esquema, como o mensalão. E como, afinal, se fazer o tão propalado “socialismo”? Encampando empresas, estatizando a economia, bancos, expulsando o FMI, fazendo reforma agrária? Não, isso é coisa do passado. Os neossocialistas deixaram os ricos em paz, porém voltaram a mira à classe média. A fórmula é simples: aumento de impostos para financiar planos assistencialistas. Quem diria! Anos chamando Brizola de demagogo e populista, depois o FHC... Mas, agora, que se apeiam ao poder, não é mais demagogia nem populismo, é “redistribuição de renda”. O registro dos beneficiários dessas bolsas é um bom arquivo de títulos eleitorais, um visível curral eleitoral.
Difícil mesmo é perceber o golpe de 2014: queira Deus que o termo não passe de uma tola expressão usada agora por um inexpressivo analista. Imagine. Todo mundo com uma determinada imagem de “revolução” na cabeça, tanques, soldados, bandeiras, bombas, quando ela pode se realizar de outra forma, em silêncio, aos poucos, diluída, homeopaticamente. Aquele que sente a falta dessas coisas – tanques, soldados, bandeiras, bombas – para poder caracterizar uma revolução, não sabe o que dizer quando assiste às intervenções dos militares nas comunidades carentes e nas manifestações. E há um fato curioso: quando a situação aperta realmente no estado, nos conflitos urbanos, quando a população vê que a bandidagem está ficando fora de controle, a quem se pensa em chamar? Eles, os militares. Quem o governador acaba de chamar para resolver as questões na Maré? Fica desenhado que os militares são mesmo o “fiel da balança”.
Em pleno 2014? Golpe? Ah...! Sim, golpe. Mas, não esse, com ostentação armada. E nem precisa. É o próprio civil que o chama, em tempo de socorro. Num país minimamente sério, uma eleição dessa dimensão e a Copa não poderiam coincidir jamais. É o princípio do “impedimento”, existe uma regra, mas precisaria existir a lei proibindo isso. É claro que o governo vai usar isso até onde pode. E se o Brasil vencer... Aliás, já ouviram aquela história de que o Ronaldinho armou aquele chilique em campo, em 1998, com a Fifa, de que aquela copa era da França, mas a de 2014 seria nossa? Barbas de molho.
Agora, pense que há em silêncio gente tramando protesto e manifestação. “Não haverá copa” – já existe um recado. Vai que essa turma de “aloprados” é bem financiada para fazer bastante arruaça, atos terroristas com gabarito internacional de fazer Al Qaeda babar de inveja. E vai que, diante de um circo que pega fogo, diante da violência que se descontrola, a própria sociedade comece a implorar por uma medida emergencial: “Chamem os bombeiros!” E eis que surge a oportunidade para a repressão, para um movimento de “exceção”, artifício já banido da Carta Magna. Isso seria o governo manipulando a situação, criando o factoide, para depois obrigar as forças armadas a executarem sua cartilha. Talvez, esta seja uma estratégia: controlar o fiel da balança, já que ele não encontra mais ambiente mundial para assumir o comando. A Nova Ordem condena o militarismo regional, pois a ideia central é a de integração dos países (blocos regionais são um “ensaio”), governo único, classe social única, exército único, moeda única, etc. O mundo não quer mais militares como presidentes, esse é o recado das “primaveras”. Judiciário controlado, imprensa amordaçada, base eleitoral comprada, Internet marco-civil, sociedade big brother – não há necessidade de violência.
Teoria da conspiração? Paranoia? Viagem da cabeça? Delírio? Torço para que não passe de um delírio.
Se o PT hoje utiliza-se do bolsa miséria para garimpar votos é porque nenhum governo até o momento levou a sério a educação básica no Brasil. Um povo bem informado tem bons empregos e bons salários e não vende voto não senhor. Um povo com bom nível cultural vota naquele que se apresenta mais confiável e competente para gerir a riqueza gerada pelos tributos arrecadados. Os governos militares e todos os demais depois dele são os responsáveis pelo caos político que o Brasil vive hoje.
ResponderExcluirO caos político na verdade inicia-se em 1500. Ou em 1806, quando D João VI trouxe 15 mil degredados de Portugal. PT e Lula são apenas uns traidorzinhos de merda.
ResponderExcluir