O presidente regional do PT, Washington Quaquá, jura que seu partido tem o “melhor candidato a governador do Brasil”. No caso, o senador Lindbergh Farias. Também sabe que, diante da aliança em torno do pré-candidato oficial, Luiz Fernando Pezão (PMDB), seu grupo tem um ponto fraco.
“A gente enfrenta uma máquina muito poderosa”, admite. Mas Quaquá também é prefeito — de Maricá — e já começou a montar uma agenda de reuniões com os outros dez colegas petistas. Ele quer dar conselhos sobre como sobreviver até a campanha para governador começar de verdade, depois da Copa. Seu lema: “O governo do estado tem o poder. O prefeito tem que ter a malandragem.”
O DIA: Qual a principal vantagem da pré-candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado do Rio pelo PT?
WASHINGTON QUAQUÁ : Acho que a maior vantagem de Lindbergh é o próprio Lindbergh, que é o melhor candidato a governador do Brasil. Ele é um fenômeno político, é o cara mais carismático, tem uma história de vida muito boa, tem dois governos muito bons em Nova Iguaçu — foi reeleito com 65% dos votos —, tem o que mostrar e já parte de três minutos na TV. É uma eleição muito boa para o Lindbergh, uma eleição em que o povo quer mudança e transformação. O Rio de Janeiro vem sendo governado por partidos com compromisso muito elitista, que têm reproduzido isso nas políticas públicas. Com compromisso dos governos com setores empresariais em detrimento dos mais pobres. Vai ter na campanha um discurso de classe baseado na divisão de classes da sociedade carioca entre ricos e pobres.
E qual o calcanhar de Aquiles da pré-candidatura do senador?
Nosso ponto fraco hoje é que a gente enfrenta uma máquina muito poderosa. A política brasileira está muito mercantilizada. Não só monetarizada, mas mercantilizada por troca material — secretarias, espaço no governo, recursos para campanha... A nossa grande dificuldade é que nós não temos governo, não temos lá grande capacidade de arrecadação de recursos — este é o ponto em que os candidatos de oposição vão ter dificuldades. Mas acho que Lindbergh compensa. Outro dia, uma jornalista me perguntou: “Mas o (vice-governador Luiz Fernando) Pezão vai ter o dobro do tempo de Lindbergh.” Eu falei: “Nós temos um candidato dez vezes melhor do que o Pezão. Então, compensa.” Agora, o desafio é organizar o PT, a esquerda, e botar as pessoas na rua fazendo campanha. Nós temos força social e consistência política para ganhar o coração do povo do Rio.
Mas é possível vencer a máquina?
Hoje, o governo do estado está com o poder da máquina, está atraindo muitos partidos. O problema é até quando eles sustentam. Porque qualquer político, qualquer movimento político quer poder, independentemente de processo eleitoral. Eles têm governo, o que pode ajudar na eleição de deputado e na captação de recursos. Agora, se esse grupo político não se recuperar até julho, quem é que vai ficar num barco furado? Político brasileiro, se for o capitão do barco, é o primeiro a pular. Se o barco do Pezão continuar desse jeito, quem é que vai ficar depois de julho? Eles apostam que vão ter obras e que vão crescer. Mas nós temos elementos que mostram que onde fizeram obra não cresceram tanto assim. Eu não acredito na capacidade de manter esse arco todo de alianças a partir de julho.
O PT está dividido quanto à pré-candidatura de Lindbergh?
Lindbergh é unanimidade. Não há desunião no PT. Uma declaração ou outra pode ganhar um destaque, mas não está de acordo com a realidade do partido. A militância do PT voltou a se animar — gente que estava indo embora com esse negócio de PMDB. O PT virou uma sucursal do PMDB no Rio, uma vergonha, com essas alianças. Hoje, o PT está retomando uma trajetória, ocupando um espaço de esquerda. Nós vamos impingir uma diminuição da importância social que o Psol adquiriu, sobretudo na eleição passada (no Rio). O PT não estava ocupando o espectro da esquerda, se anulou. Agora, o PT volta a ser o representante da esquerda no Rio com a pré-candidatura de Lindbergh. Vamos recuperar uma parte do eleitorado — professores, bancários, sindicalistas... — que se desiludiu com o PT submisso ao PMDB.
O senhor jantou na semana que passou com o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT), que costumava se manifestar publicamente a favor da aliança PT-PMDB . Qual foi o assunto da conversa?
Fui falar para ele o que estou falando para todos os (11) prefeitos do PT. O governo do estado tem o poder. O prefeito tem que ter a malandragem. Em julho, o PT vai cobrar o engajamento de todos os prefeitos (do partido) na campanha de Lindbergh. Mas, agora, os prefeitos têm que governar. O que espero de todos os prefeito é isso: que continuem a manter as relações com o governo. Comecei com o Rodrigo porque ele é o prefeito da cidade mais importante depois da capital. Vou agendar com todos os prefeitos.
O senhor também é prefeito. Como é sua relação com o governo do estado?
Eu sou prefeito de Maricá. O Pezão tem algumas ações de infraestrutura lá — 37 km de asfalto. Quando ele for inaugurar, eu vou estar junto, como prefeito. Eu tenho uma relação institucional com o governo do estado. Ele (Pezão) vai ser governador (em abril, depois que Sérgio Cabral renunciar). Eu sou prefeito, eu vou lá. Não significa que eu o apoie. Pelo contrário, eu sou o coordenador da pré-campanha de Lindbergh. O prefeito do PT tem todo direito de andar com Pezão numa obra. Não vejo problema nisso, não tem nada a ver com eleição.
Qual sua prioridade como prefeito?
Nossa meta é ser a primeira cidade do Brasil a erradicar não a miséria, mas a pobreza em dez anos. Significa escola, transporte, saúde, repasse de renda, qualificação das pessoas, enfim, mudar a vida das pessoas. E até março, a Maricá Trans (Maricá Transportes Públicos) deve estar operando. É um marco na política de transportes públicos do Brasil. Maricá será a primeira cidade do Brasil a retomar uma atividade que é essencialmente do Estado. Nossa meta é em 2016 chegar à tarifa zero.
É possível que o PT no Rio seja palanque para outro candidato além da presidenta Dilma Rousseff?
Não há nenhuma possibilidade. O que a gente pode fazer é aceitar apoio de partidos que não são da base aliada à presidenta Dilma. Mas, na propaganda do Lindbergh e no palanque, só quem aparece é Dilma. Nós só admitimos uma candidata (à Presidência).
Qual a sua avaliação hoje do caso do Mensalão?
Houve Caixa 2 no PT, mas o PT tratou mal isso. O PT deveria ter mostrado que não era a ‘mocinha’ nessa confusão que é o sistema político brasileiro. Ninguém disse que não houve Caixa 2, que é crime eleitoral. Mas não houve desvio de dinheiro público.
O sr. acha que o Mensalão será usado na campanha do Rio contra o PT?
Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.
Fonte: O Dia
“A gente enfrenta uma máquina muito poderosa”, admite. Mas Quaquá também é prefeito — de Maricá — e já começou a montar uma agenda de reuniões com os outros dez colegas petistas. Ele quer dar conselhos sobre como sobreviver até a campanha para governador começar de verdade, depois da Copa. Seu lema: “O governo do estado tem o poder. O prefeito tem que ter a malandragem.”
O DIA: Qual a principal vantagem da pré-candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado do Rio pelo PT?
WASHINGTON QUAQUÁ : Acho que a maior vantagem de Lindbergh é o próprio Lindbergh, que é o melhor candidato a governador do Brasil. Ele é um fenômeno político, é o cara mais carismático, tem uma história de vida muito boa, tem dois governos muito bons em Nova Iguaçu — foi reeleito com 65% dos votos —, tem o que mostrar e já parte de três minutos na TV. É uma eleição muito boa para o Lindbergh, uma eleição em que o povo quer mudança e transformação. O Rio de Janeiro vem sendo governado por partidos com compromisso muito elitista, que têm reproduzido isso nas políticas públicas. Com compromisso dos governos com setores empresariais em detrimento dos mais pobres. Vai ter na campanha um discurso de classe baseado na divisão de classes da sociedade carioca entre ricos e pobres.
E qual o calcanhar de Aquiles da pré-candidatura do senador?
Nosso ponto fraco hoje é que a gente enfrenta uma máquina muito poderosa. A política brasileira está muito mercantilizada. Não só monetarizada, mas mercantilizada por troca material — secretarias, espaço no governo, recursos para campanha... A nossa grande dificuldade é que nós não temos governo, não temos lá grande capacidade de arrecadação de recursos — este é o ponto em que os candidatos de oposição vão ter dificuldades. Mas acho que Lindbergh compensa. Outro dia, uma jornalista me perguntou: “Mas o (vice-governador Luiz Fernando) Pezão vai ter o dobro do tempo de Lindbergh.” Eu falei: “Nós temos um candidato dez vezes melhor do que o Pezão. Então, compensa.” Agora, o desafio é organizar o PT, a esquerda, e botar as pessoas na rua fazendo campanha. Nós temos força social e consistência política para ganhar o coração do povo do Rio.
Mas é possível vencer a máquina?
Hoje, o governo do estado está com o poder da máquina, está atraindo muitos partidos. O problema é até quando eles sustentam. Porque qualquer político, qualquer movimento político quer poder, independentemente de processo eleitoral. Eles têm governo, o que pode ajudar na eleição de deputado e na captação de recursos. Agora, se esse grupo político não se recuperar até julho, quem é que vai ficar num barco furado? Político brasileiro, se for o capitão do barco, é o primeiro a pular. Se o barco do Pezão continuar desse jeito, quem é que vai ficar depois de julho? Eles apostam que vão ter obras e que vão crescer. Mas nós temos elementos que mostram que onde fizeram obra não cresceram tanto assim. Eu não acredito na capacidade de manter esse arco todo de alianças a partir de julho.
O PT está dividido quanto à pré-candidatura de Lindbergh?
Lindbergh é unanimidade. Não há desunião no PT. Uma declaração ou outra pode ganhar um destaque, mas não está de acordo com a realidade do partido. A militância do PT voltou a se animar — gente que estava indo embora com esse negócio de PMDB. O PT virou uma sucursal do PMDB no Rio, uma vergonha, com essas alianças. Hoje, o PT está retomando uma trajetória, ocupando um espaço de esquerda. Nós vamos impingir uma diminuição da importância social que o Psol adquiriu, sobretudo na eleição passada (no Rio). O PT não estava ocupando o espectro da esquerda, se anulou. Agora, o PT volta a ser o representante da esquerda no Rio com a pré-candidatura de Lindbergh. Vamos recuperar uma parte do eleitorado — professores, bancários, sindicalistas... — que se desiludiu com o PT submisso ao PMDB.
O senhor jantou na semana que passou com o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT), que costumava se manifestar publicamente a favor da aliança PT-PMDB . Qual foi o assunto da conversa?
Fui falar para ele o que estou falando para todos os (11) prefeitos do PT. O governo do estado tem o poder. O prefeito tem que ter a malandragem. Em julho, o PT vai cobrar o engajamento de todos os prefeitos (do partido) na campanha de Lindbergh. Mas, agora, os prefeitos têm que governar. O que espero de todos os prefeito é isso: que continuem a manter as relações com o governo. Comecei com o Rodrigo porque ele é o prefeito da cidade mais importante depois da capital. Vou agendar com todos os prefeitos.
O senhor também é prefeito. Como é sua relação com o governo do estado?
Eu sou prefeito de Maricá. O Pezão tem algumas ações de infraestrutura lá — 37 km de asfalto. Quando ele for inaugurar, eu vou estar junto, como prefeito. Eu tenho uma relação institucional com o governo do estado. Ele (Pezão) vai ser governador (em abril, depois que Sérgio Cabral renunciar). Eu sou prefeito, eu vou lá. Não significa que eu o apoie. Pelo contrário, eu sou o coordenador da pré-campanha de Lindbergh. O prefeito do PT tem todo direito de andar com Pezão numa obra. Não vejo problema nisso, não tem nada a ver com eleição.
Qual sua prioridade como prefeito?
Nossa meta é ser a primeira cidade do Brasil a erradicar não a miséria, mas a pobreza em dez anos. Significa escola, transporte, saúde, repasse de renda, qualificação das pessoas, enfim, mudar a vida das pessoas. E até março, a Maricá Trans (Maricá Transportes Públicos) deve estar operando. É um marco na política de transportes públicos do Brasil. Maricá será a primeira cidade do Brasil a retomar uma atividade que é essencialmente do Estado. Nossa meta é em 2016 chegar à tarifa zero.
É possível que o PT no Rio seja palanque para outro candidato além da presidenta Dilma Rousseff?
Não há nenhuma possibilidade. O que a gente pode fazer é aceitar apoio de partidos que não são da base aliada à presidenta Dilma. Mas, na propaganda do Lindbergh e no palanque, só quem aparece é Dilma. Nós só admitimos uma candidata (à Presidência).
Qual a sua avaliação hoje do caso do Mensalão?
Houve Caixa 2 no PT, mas o PT tratou mal isso. O PT deveria ter mostrado que não era a ‘mocinha’ nessa confusão que é o sistema político brasileiro. Ninguém disse que não houve Caixa 2, que é crime eleitoral. Mas não houve desvio de dinheiro público.
O sr. acha que o Mensalão será usado na campanha do Rio contra o PT?
Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.
Fonte: O Dia
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