Má fé, incompetência, corrupção, miopia política...são muitas as razões para Maricá seguir na vanguarda do retrocesso. (parte 2)

Por Helio Braga - Na primeira parte desta série encerramos com uma abordagem sobre o gigantesco hiato de comunicação que mantém a população maricaense distante das notícias envolvendo o município. Não pense o leitor que é mero fruto do acaso ou mesmo uma infeliz coincidência de circunstâncias que faz de Maricá uma cidade - como tantas outras em nosso país, a bem da verdade - desprovida de jornais diários, estações de rádio com real alcance municipal, televisão com geração local de notícia ou qualquer outra mídia de massa independente editorialmente. Longe disso. Essa lacuna é intencional - aqui e em todos os outras semelhantes - e tem por objetivo manter o povo o mais alienado possível; afinal quanto mais desligado da realidade mais facilmente conduzido aos currais políticos, não é? Claro que há exceções quando falamos de jornalismo independente e observamos as iniciativas inseridas na rede (web), mas não podemos classifica-las como sendo de massa, posto que a internet atinge somente uma fatia limitada da sociedade mesmo nos dias de hoje em que mais e mais essa mídia se populariza.
Isto dito, voltemos ao tema principal e às oportunidades continuadamente desperdiçadas e/ou ignoradas pela malta petista e sua turma.
Com a Copa das Confederações às portas e a proximidade de uma Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, as possibilidades são quase intermináveis para atrair investimentos, atividades esportivas e culturais e para alavancar a infra estrutura do município. Ah! Alguém poderá citar o Tiro com Arco que trouxe um centro de treinamento para nossa cidade. É verdade. Uma ação positiva, ainda que léguas distante de trazer qualquer aporte financeiro que justifique regozijo e isso eu digo sem constrangimento algum por ser um praticante do esporte desde menino com vasto histórico em competições de elite; o arqueirismo é praticamente um desconhecido sem espaço na mídia e de baixa popularidade. Então...conta pouco, muito pouco.
O que nos move são as opções de grande apelo, aquelas que trazem grandes parcerias, atletas de ponta, formação em larga escala que direcionem crianças e jovens tanto na questão vocacional desportiva quanto no quesito cidadania, preparando-os para o futuro e para uma vida produtiva na sua fase adulta. Assim, com esse norte como paradigma temos, infelizmente, mais desperdícios anotados:
4.  A interrupção do programa da Vela - Lars Grael - que era algo promissor até pelo perfil de seus praticantes e pelos liames de sucesso que caracterizam o esporte, mas que não foi surpreendente de todo em razão das condições (a falta de) de baixo calado e assoreamento das lagoas. A isso somou-se a habitual letargia do poder municipal e cristalizou-se o fim de uma tênue esperança, que alguns alimentavam, de ver nascer em Maricá um ciclo náutico e uma futura implantação de um clube de iatismo, tradicional reduto aglutinador de grandes fortunas, turismo forte e desenvolvimento.
5.  A ausência absoluta de um planejamento sério, profundo e programado para ultrapassar a esfera das disputas políticas e ser, de fato, implementado sem interrupções para dotar o município de soluções sanitárias que universalizem o serviço de coleta e tratamento pleno de resíduos juntamente com o serviço de distribuição de água inserido no plano plurianual de investimentos. Proposta neste sentido, alicerçada nos recursos dos royalties advindos da extração de petróleo, foi apresentada no apagar das luzes da última legislatura municipal pelo ex-Vereador Claudio Ramos, mas as mesquinharias políticas interpuseram-se às reais necessidades de saúde pública e saneamento - impossível separar esse binômio - e sepultaram a solução ali apresentada... A lamentar o desperdício de recursos que, por serem finitos, seriam oportunamente direcionados para estabelecer um marco definitivo e raro em nosso país e, de quebra, dariam notável impulso positivo aos indicadores de saúde de Maricá que hoje são quase criminosos.
6.  Mantendo as mesmas referências que nortearam as observações grafadas na primeira parte, tais como a fartura territorial do município, a proximidade geográfica da cidade do Rio de Janeiro e os macro eventos que se avizinham, Maricá demonstra de forma inequívoca o quanto carece de políticos de boa cepa e de cidadãos proativos ao sequer discutir ou cogitar investir na construção de um complexo de treinamento - coisa simples de implantar, dois ou três campos, uma academia e alojamentos - voltado para o futebol a ser utilizado por alguma das seleções estrangeiras durante as duas Copas que terão sede no Rio de Janeiro, atraindo empresas de um setor milionário. Mais ainda, tais instalações ainda poderiam atrair equipes de alto rendimento do Atletismo a partir da construção de uma pista com os recursos disponíveis no Ministério dos Esportes para quem apresentar projetos nesse sentido. É até repetitivo ressaltar a importância disto para a formação de atletas e cidadãos vencedores, para atrair parceiros e, acima de tudo, para enriquecer o município, mas quem sabe assim, tratando-se à exaustão o tema, seja possível alcançar algum avanço...
Confesso que adoraria escrever em outras cores, descrever avanços inquestionáveis de nosso município, mas para minha doída tristeza faltam-me argumentos. Não importa o lado para o qual direcione o olhar, a paisagem é sempre desoladora. Ora é essa pseudo urbanização que espalha um asfalto de quinta categoria sem que haja o mínimo preparo do piso para recebe-lo - e aí a primeira chuva reabre buracos no chão de terra batida e carrega placas de betume para longe - que vem acompanhada daquele indefectível meio-fio de concreto pré-moldado largado à esmo aqui e ali, ora é o "plantio" de ridículas e mal-acabadas praças (?) onde o cimento é farto, o projeto é pobre e o verde ausente, tudo à guisa de reforçar a propaganda petista e espalhar placas vermelhas grafadas com suas notórias inverdades. Basta caminhar pelas ruas para perceber o caos que cinco minutos de chuva trazem. Basta sair de carro para entender que sinais combinados com uma profusão insólita de cones e guardas municipais sem qualquer treinamento ou preparo para suas funções (quais seriam, além da constante conversa ao telefone?) apenas trouxeram os engarrafamentos e "estacionamentos particulares". Curioso foi ver que os milionários sinais que volta e meia param de funcionar e algumas faixas de travessia pintadas no centro motivaram um conhecido parlamentar a afirmar que assistíamos à  "inclusão do pedestre na realidade da cidade..." Que tristeza! Que pobreza! Que miopia! Inclua-se a educação viária e urbana nas escolas desde a infância e teremos adultos ordeiros, educados no trânsito, com a cortesia e o respeito incutidos em motoristas e pedestres sem a necessidade de grandes intervenções ou adoção da política de arrecadação que começa a nascer com as multas aplicadas no atacado.
Ah!, mas tem show de aniversário da cidade na praça...tem Zeca Pagodinho tão bêbado quanto seus anfitriões oficiais...tem feijoada "boca livre" idem...tem barraquinha do diabo a quatro para todo lado infernizando o comerciante formal que investe...tem aquela atmosfera canhestra tão ao gosto desses políticos demagogos para quem interessa manter tudo como está: desinformação + mentira + cal nas ruas de vez em quando + contratos emergenciais = mundo maravilhoso da propaganda petista e suas promessas eternas.
Talvez por isso tenhamos tantas padarias por aí, o povo vive de sonhos... Por isso tantas novelas e tanta audiência, a fantasia é a realidade lulopetista... Por isso tantos partidos insípidos, inodoros, incolores, verdadeiras sopas de letrinhas, é a ilusão das esquerdas com seu pensamento distante do mundo moderno...


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