A consulta pública realizada na tarde/noite desta quinta-feira (9) no salão nobre do Esporte Clube Maricá não surtiu o efeito esperado para os homens do Poder Público. Apesar do grande contingente na platéia formado por funcionários comissionados da prefeitura, o evento, conduzido pelo secretário do Ambiente, Alessandro Terra, encontrou forte resistência por parte dos poucos representantes da sociedade civil, entre eles ambientalistas, geólogos e professores.
Uma espécie de mesa diretora foi formada por autoridades, dentre os quais o secretário do Ambiente Alessandro Terra, o subsecretário de Biodiversidade Evandro Sathler, os vereadores Fabiano Horta e Helter Ferreira e Jorge Castor, da Ouvidoria do município.
Logo de início, o subsecretário de Biodiversidade, Evandro Sathler, há cerca de apenas dois meses no governo, em sua explanação sobre a necessidade de se diminuir os limites de preservação da vida silvestre no costão de Ponta Negra para a construção do porto/estaleiro, disse que "está vindo um trem e que, ou as pessoas pegam esse trem ou então todos acabarão sendo atropelados por ele".
Logo após, o secretário do Ambiente, Alessandro Terra, fez uma apresentação com ajuda de um telão sobre alguns estudos técnicos acerca dessa pretensa alteração. Em sua apresentação, essencialmente, o secretário demostrou que a unidade de conservação do costão de Jaconé, área alvo do megaporto, será reduzida, mas em contrapartida, outra unidade no entorno das ilhas Maricás será ampliada.
O evento, no cômputo geral, foi mal organizado. No início um pequeno tumulto devido ao falatório e mau comportamento de alguns comissionados provocou várias advertências do secretário Alessandro Terra. Além desse contratempo, alguns representantes da sociedade civil só conseguiram se inscrever para ter direito à fala quando questionaram os organizadores incisivamente. A partir daí, Alessandro Terra sugeriu um intervalo para um 'buffet' por um período de 10
minutos para que as inscrições fossem realizadas. Todavia, notadamente, os comissionados aproveitaram esse momento e saíram, à francesa, deixando o salão, a partir de então, visivelmente mais vazio.
O professor de geografia e músico Vicente Moro da Mata foi o primeiro representante da sociedade civil a falar e seus questionamentos, os quais desmascaravam a intenção real e ilegal daquela, segundo ele, 'audiência disfarçada e manipulada' e mais a evasividade nas respostas do secretário Alessandro Terra irritaram o chefe do gabinete do prefeito, Cleber Otero que, deseducadamente, interrompeu a fala do professor (confira no vídeo abaixo).
Outros representantes da sociedade civil também tiveram direito à fala e fizeram diversos questionamentos entre os quais o fato do evento ter sido realizado sem a presença de um conselho consultivo das unidades de conservação, sem um conselho gestor, sem um representante do ministério público e sem a presença maciça da sociedade civil.
A engenheira sanitarista Ana Paula Carvalho, munida de uma extensa documentação foi enfática quanto a ilegalidade de qualquer alteração de elementos ecológicos e ambientais entre a área de Jaconé até São Francisco Itabapoana, fazendo com que o secretário do Ambiente, atônito e desconfortável, solicitasse ajuda ao subsecretário Evandro Sathler que, em vão, tentou discordar das afirmativas de Ana Paula indagando-a sobre a fonte de tais informações, porém a sanitarista, seca, respondeu-lhe: "Esse é um trabalho de casa seu, não meu!"
Pedro Hugo, representante do Comitê Ambiental de Maricá, também usou tópicos da legislação para questionar as alterações pretendidas pelos representantes do governo e, segundo ele tais alterações realizadas "atropeladamente" trarão sérios danos ao meio ambiente.
Uma nova 'audiência pública' sobre o mesmo tema foi marcada para a próxima terça-feira (14), no mesmo local, às 19h.
Os maquinistas: numa ponta, Fabiano Horta, Presidente da câmara; na outra, Cleber Otero, chefe de gabinete do Quaquá |
Alessandro Terra se perdeu e acabou sendo engolido pelos ambientalistas |
O salão, no início, lotado |
Depois do 'buffet', o salão ficou praticamente vazio |
Comissionados da prefeitura saem à francesa após assinarem a lista de presença e degustarem o 'buffet' |
O professor de geografia e músico Vicente Moro da Mata foi o primeiro representante da sociedade civil a falar e seus questionamentos, os quais desmascaravam a intenção real e ilegal daquela, segundo ele, 'audiência disfarçada e manipulada' e mais a evasividade nas respostas do secretário Alessandro Terra irritaram o chefe do gabinete do prefeito, Cleber Otero que, deseducadamente, interrompeu a fala do professor (confira no vídeo abaixo).
Vicente Moro, professor de geografia, arrancou todas as máscaras e irritou o chefe do gabinete do prefeito |
A engenheira sanitarista Ana Paula Carvalho, munida de uma extensa documentação foi enfática quanto a ilegalidade de qualquer alteração de elementos ecológicos e ambientais entre a área de Jaconé até São Francisco Itabapoana, fazendo com que o secretário do Ambiente, atônito e desconfortável, solicitasse ajuda ao subsecretário Evandro Sathler que, em vão, tentou discordar das afirmativas de Ana Paula indagando-a sobre a fonte de tais informações, porém a sanitarista, seca, respondeu-lhe: "Esse é um trabalho de casa seu, não meu!"
Pedro Hugo disse que atropelo pode causar danos irreparáveis |
Uma nova 'audiência pública' sobre o mesmo tema foi marcada para a próxima terça-feira (14), no mesmo local, às 19h.
A maior riqueza de Maricá até o meio do século vinte era o peixe e o camarão do complexo lagunar. Dali saíam 30% de tudo que era consumido no Estado do Rio de Janeiro. As “autoridades” da época resolveram que já era ora de acabar com as enchentes na cidade e solicitaram ao DNOS a construção de um canal extravasor de água das lagoas para o mar, e assim regular o nível do complexo lagunar. Concluído em 1951, com sucesso para o objetivo que foi projetado, ele causou, em contrapartida, um efeito colateral para economia de Maricá: extinguiu a pesca no sistema lagunar, jogando na profunda pobreza cerca de mil famílias de pescadores.
ResponderExcluirA maior riqueza de Maricá hoje é sua beleza natural. As “autoridades” de agora, tão ignorantes em assuntos relacionados ao equilíbrio dos ecossistemas quanto àquelas de outrora, propõem construir unidades industriais e “resortes” (condomínio de luxo disfarçado de unidade hoteleira) altamente poluidoras nas áreas de preservação ambiental. O impacto direto será, por si só, desolador, mas o pior virá depois com a migração da mão-de-obra sem qualificação que se instalará ao redor formando comunidades carentes com toda sorte de demandas sociais.