Por Adílson Pereira - Após
o início desta série de artigos, alguns “igrejeiros” questionam a forma com a
qual me refiro a pastores, dizendo que não devemos questionar os “ungidos por
Deus”. Tal fato me fez retornar ao pop rock nacional de algumas décadas atrás: “Eu vejo a vida melhor no futuro. Eu vejo
isso por cima de um muro de hipocrisia, que insiste em nos rodear” (Lulu
Santos). Segundo o hino 314 do Cantor Cristão, não tenho com o que me
preocupar, pois “lutas sem cessar hei de
atravessar, descansando no poder de Deus”.
O
que pude perceber nas críticas é o que diz respeito ao perfil dos críticos.
Resta saber quem ou qual é a pedra de tropeço do “Caminho”, se a tentativa de
corrigir atos falhos de líderes religiosos que se acham acima do bem e do mal,
ou a atitude hipócrita daqueles que se agarram às mais variadas formas de se
manterem numa falsa posição de poder na igreja física? “No mundo sempre existirão pessoas que o amarão pelo que você é, e
outras que vão odiá-lo pelo mesmo motivo. Acostume-se!” (Ediane Wunderlich).
A
igreja, enquanto instituição social, tem todo o tipo de frequentadores, desde
os fofoqueiros e os bajuladores de pastor, até os que dedicam uma vida de
oração aos que necessitam: “Confessai,
pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:16); desde os agregados de outras
pradarias, que não congregam, nem convivem com o cerne da igreja, até os que vivem
para o verdadeiro evangelho, levando luz à escuridão: “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou
a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”
(João 8:12). Aguardamos ansiosamente o
momento de separar o joio do trigo: “Deixai-os
crescer juntos até a colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai
primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no
meu celeiro” (Mateus 13:30).
Os
críticos poderiam dedicar um pouco mais de seu tempo à Escola Bíblica
Dominical, ou aos estudos teológicos das quintas-feiras à noite. Daí,
perceberiam que nós somos o “capítulo 29” do livro de Atos dos Apóstolos. Nós
somos a “Igreja viva”, em sua plenitude, carregando todos os conflitos sociais
que o cristianismo suscita após a ressurreição do Cristo, transformando a vida
de seus seguidores numa tarefa nada fácil desde os tempos da Igreja primitiva: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é
para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e
reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe
importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9:15,16).
O
texto de referência bíblica (Gálatas
2:11-14) da 5ª lição da revista Palavra & Vida (2º trimestre/2013), utilizada
como base dos estudos dominicais da Igreja Batista, mostra um grave incidente
entre dois dos principais apóstolos de Cristo. Paulo repreende severamente a
Pedro pela atitude hipócrita deste em relação ao que prega e ao que vive. O
fato é extremamente grave, pois a atitude hipócrita de um líder da Igreja gera
conflito testemunhal, gera divisões, esvazia o trabalho de evangelização,
podendo levar a comunidade cristã a se desviar do verdadeiro evangelho. Se o
texto sagrado não empurra para baixo do tapete os desvios de caráter e de conduta
de suas principais personagens, quem somos nós para assim o fazermos?
Os
questionamentos realizados neste capítulo de estudos são diretos:
1. Temos nos mostrado atentos aos desvios,
intencionais ou não, do evangelho?
2. Estamos preparados para responder com
prontidão a essas perversões doutrinárias?
O
estudo prossegue de forma rígida na página 47, trazendo à tona a dilaceração da
falsa imagem de líderes perfeitos, sublimados ao extremo por aqueles que não
buscam o conhecimento da palavra de Deus como única regra de fé e prática: “Somente com liberdade de pensamento e de
expressão pode ocorrer o discernimento espiritual, sem o qual não poderemos
desmascarar falsos mestres, falsos pastores e falsas igrejas” (conforme 2Pe
3:15-18).
Ao
ouvir a declaração de um pastor pentecostal, secretário de governo, tentando
justificar a existência de uma aberração chamada “secretaria de assuntos
religiosos”, dizendo que a secretaria foi criada para “suprir as demandas religiosas do município”, alguns podem começar
a imaginar que o Cristo veio ao mundo a passeio; que seu sangue e suas feridas
são acidente de percurso; que sua ressurreição ao terceiro dia de sua morte foi
um milagre puramente casual. Pura hipocrisia! A doutrina de sua denominação não
instrui que a demanda do mundo foi suprida, única e exclusivamente, pelo sangue
do cordeiro? Sua desobediência não será esquecida:
(Hebreus 4)
v.11- Esforcemo-nos, pois, por entrar
naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.
v.12- Porque a palavra
de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante que qualquer espada de dois gumes, e
penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e propósitos do coração.
v.13- E não há
criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as
coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos que prestar
contas.
Aos
que acham que suas ações não envergonham o Evangelho, este notável testemunho
do pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, líder da Igreja Batista Central de
Macapá, mostra o quão libertador é o caminhar com a verdade: “Alguns líderes religiosos brincam com o que
não podem, achando que são cheios de poder e autoridade... A ditadura foi um
período difícil para quem não se deixou seduzir pela propaganda oficial. Sabíamos que havia tortura, mas nada
falávamos. Muitos até aplaudiam o regime. Eu era um pastor de 24 anos e
ouvi um político evangélico dizer, num retiro de pastores, que o regime estava
muito frustrado com as críticas da Igreja Católica e que aquela era a nossa
oportunidade. De nossa parte houve
silêncio e oportunismo”.
–
Pai, como perdoá-los sem que demonstrem arrependimento pelo que fazem?
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