Por Adilson Maués - AS
RECEITAS DOS MUNICÍPIOS NO BRASIL
As administrações municipais mantêm uma forte
dependência das transferências, constitucionais ou voluntárias, dos governos
federal e estadual. As receitas tributárias próprias dos municípios originam-se
do Imposto sobre a Prestação de Serviços (ISS), do imposto sobre a propriedade
territorial urbana (IPTU), do imposto sobre a transmissão, intervivos, de bens
imóveis (ITBI), das taxas e das contribuições de melhorias.
A arrecadação própria dos municípios representou, em 1997, cerca de 30% de sua receita líquida disponível. A grande representatividade das transferências de outras esferas de governo pode conduzir a um sub-aproveitamento das bases tributárias próprias. Com grande parte da receita já garantida pelas transferências, não haveria motivação à impopular tarefa de exigir o rigoroso cumprimento das obrigações tributárias.
Receitas Municipais
Definição
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A denominação para Receita Pública é:
conjunto de recursos financeiros que entram para os cofres públicos, provindo
de quaisquer fontes, a fim de suprir as despesas previstas no orçamento e as
despesas.
Na Receita Municipal incluem-se:
·
Recursos financeiros oriundos dos tributos municipais, isto é,
impostos, taxas e contribuições;
·
Ingressos que o Município recebe, em caráter permanente, pela sua
participação nas transferências constitucionais estaduais, como o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre
Proprietários de Veículos Automotores (IPVA), e federais, como o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM).
·
Receitas eventuais, como as advindas de financiamentos, empréstimos,
subvenções, auxílios e doações de outras entidades ou pessoas físicas.
As Receitas, segundo a Lei 4.320/64, são classificadas em Correntes e de Capital. Receitas Correntes, classificadas em: tributária, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços, transferências correntes e outras. Receitas de Capital, classificadas em: operações de créditos, alienação de bens, amortização de empréstimos, transferências de capital e outras. 1. Receita total do município: montante total das receitas orçamentárias do município no ano. 2. Receita municipal per capita: é o total da receita municipal dividida pelo número de habitantes do município. Isso permite ter uma visão de quantos reais o município teria por ano para gastar com cada cidadão. 3. Arrecadações próprias: corresponde à arrecadação de competência direta da própria prefeitura e concentra-se em: 1. IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano 2. ISS - Imposto Sobre Serviços 3. ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (Intervivos) 4. Transferências: receitas obtidas por meio de transferências de outros entes da federação e concentra-se em:
·
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): Repasse
Estadual (25% deste imposto é redistribuído aos municípios)
·
IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores): Repasse
Estadual (50% é encaminhado ao município onde o veículo é licenciado)
·
FPM (Fundo de Participação dos Municípios): Repasse Federal (Formado
por 22,5% do total da arrecadação do IR e do IPI)
5. ITR -
Imposto Territorial Rural: Repasse Federal ( 50% é encaminhado ao
município onde fica a propriedade rural)
6. FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
7. SUS – Sistema Único de Saúde.
Transferências
destinadas ao Sistema Único de Saúde – SUS
São tratadas
separadamente por conta da relevância do assunto; são realizadas por meio da
celebração de convênios, de contratos de repasses e, principalmente, de
transferências fundo a fundo.
Os valores são depositados diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos fundos de saúde estaduais, municipais e do Distrito Federal. Os depósitos são feitos em contas individualizadas, isto é, específicas dos fundos. |
A importância das receitas próprias municipais
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As finanças municipais apresentam uma composição de receitas
basicamente estruturadas em receitas próprias e transferências da união e
estados , sendo que os municípios em sua grande maioria são
dependentes dos repasses constitucionais realizados , inibindo
investimentos das gestões municipais em suas próprias
estruturas de arrecadação e aumentando a vulnerabilidade dos
municípios , principalmente , no atual cenário de crise financeira mundial.
A vinculação das receitas definidas para o
cumprimento dos índices mínimos de aplicação em saúde e educação
, 15 % e 25% respectivamente , assim como , os gastos médios de 40%
com folha de pagamento, demonstram que já existe um elevado
comprometimento das receitas com despesas continuas , não permitindo as
gestões maiores possibilidades para realização de ações mais
efetivas em segmentos sociais importantes para o
desenvolvimento do município.
A necessidade de priorização das
receitas próprias municipais fica evidenciada, neste momento , pois a redução
do repasse do FPM e ICMS provocaram uma forte pressão nas gestões
municipais , situação que deve-rá se manter durante todo exercício de 2009 ,
dificultando bastante a condição requerida para o equilíbrio das contas
municipais.
Diante da realidade apresentada pelas
atuais estruturas de receitas dos municípios é de fundamental importância que
se desenvolvam ações consistentes focadas no fortalecimento das receitas
próprias , a exemplo da arrecadação do IPTU , ISS e mais
recentemente a cobrança do ITR, investindo na formação de equipes
qualificadas para atuação na arrecadação , investimento em tecnologia para
fiscalização e atendimento ao comtribuinte , recadastramento de
unidades imobiliárias e a formalização de convênio com o poder judiciário para
atuação na redução da dívida ativa.
O imposto sobre serviços ( ISS )
demontra ter um elevado potencial de crescimento na receita
própria dos municípios , isto considerando, que este imposto apresenta
uma melhor performance evolutiva de lastro econômico do
que outros impostos . A utilização , por exemplo, de tecnologia
através de sistemas de emissão e controle de nota
fiscal eletrônica permite o alcance de resultados bastante positivos ,
conforme a estrutura do município, superiores a 100% da receita
histórica média , em um período relativamente reduzido.
A revisão do cadastro imobiliário
é outra ação que deve ser desta cada pela gestão , em
função dos bons resultados que a mesma apresenta na
qualificação da informação , incremento da receita
e atualização de dados para realização de planejamento
estratégico , consolidando o fortalecimento da arrecadação do Imposto
Predial e Territorial Urbano ( IPTU ) de forma organizada ,
evitando a adoção de aumentos lineares e o aumento da carga tributária sem uma
análise qualitativa.
É de fundamental importância que as
gestões municipais realizem uma avaliação da estrutura econômica do município,
pois será a partir desta análise que será evidenciada as principais
características que devem ser consideradas para o fortalecimento das
receitas próprias, eficiência fiscal e com impactos
relevantes para o equilíbrio das contas.
Vale ressaltar
a existência de financiamentos
realizado pelo BNDES com fins específicos de modernização e
estruturação do segmento tributário, permitindo a realização de investimentos
na atualização de banco de dados , capacitação de funcionários , aquisição de
sistemas e equipamentos de informática, para melhorar os resultados
apresentados pela receita própria municipal .
O atual cenário nos leva a uma
realidade de queda do FPM em 8,15% no primeiro
trimestre 2009 em relação ao mesmo período 2008 e
redução de 14,7% no mês de março , reforçando a avaliação de que o
foco de trabalho na receita própria deve ser priorizado pelos
gestores para que os municípios possam estar
fortalecidos com suas contas equilibradas e
com autonomia na sua arrecadação, pois elementos de mudança
esperados como a reforma tributária, tendem a
acontecer apenas no médio/longo prazo .
Receita corrente dos municípios fluminenses teve
crescimento real de 12% no ano passado
A receita corrente dos 92 municípios fluminenses alcançou R$ 30,61 bilhões em 2010, mostrando crescimento real, acima da inflação, de 12,2% na comparação com o ano anterior. A capital do estado teve receita corrente de R$ 12,95 bilhões, com expansão de 8,6%, de acordo com a nova edição do Anuário de Finanças dos Municípios Fluminenses, divulgado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.
A receita corrente exclui a receita de capital, que são as receitas que
alteram o patrimônio duradouro do estado. Considerando a receita total, a média
de aumento da receita corrente dos municípios do estado foi 21%. “Foi um
crescimento notável”, avaliou o editor do anuário, o economista Alberto Borges.
Excluindo a cidade do Rio de Janeiro, a receita dos demais municípios
fluminenses evoluiu 15% no ano passado. Observou-se que, em 2009, devido à
crise financeira internacional, as cidades fluminenses, excluindo a capital,
amargaram uma queda de 7% em sua receita. Já o município do Rio conseguiu
manter a receita estável, com um leve crescimento de 1,5%.
“De modo geral, os municípios do Rio de Janeiro conseguiram sair da
crise. Em 2010, houve uma significativa melhora das receitas das cidades. O
Imposto sobre Circulação de Mercadorias [ICMS] comportou-se muito bem
[apresentando boa arrecadação] e os municípios foram beneficiados, porque 25%
da arrecadação desses recursos são dos municípios”.
Contribuiu também para o aumento da receita a arrecadação maior do
Imposto sobre Serviços (ISS) e do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
Intervivos (ITBI), por parte das cidades.Essa melhora se deveu, “em grande
medida, a um ambiente econômico favorável. Todos esses impostos têm, na sua
origem, o dinamismo da economia, que faz com que esses impostos possam crescer
e aumentar a arrecadação dos municípios e do estado”.
Observou-se também que, mesmo nesse ambiente saudável, pode-se constatar
que há cidades com baixíssima renda per capita, ou seja, por
habitante. “Isso é um fator estrutural”. De modo geral, os municípios da
Baixada Fluminense, além de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro,
têm receita corrente por pessoa abaixo de R$ 1 mil por ano. Na capital
fluminense, a receita corrente per capita é R$ 2.047,44 por
ano.
“São cidades, inclusive, que estão entre as cidades com mais de 100 mil
habitantes e as mais pobres do Brasil”. É o caso de Nilópolis, por exemplo,
cuja receita per capita anual atinge R$ 975,71. A receita corrente do município
é R$ 152 milhões, para uma população de 157 mil habitantes. Em São Gonçalo , a receita
corrente soma R$ 654,9 milhões para uma população de quase 1 milhão de pessoas.
A maior receita corrente per capita foi registrada em
Quissamã, no norte do estado: R$ 9.414 por ano. No município, a principal
atividade econômica é a exploração de petróleo. Borges destacou, porém, que é
preciso ter em mente que, na cidade, vivem apenas 20.244 pessoas, enquanto em São Gonçalo são mais
de 999 mil. “Quissamã tem muito [receita per capita] porque, em
grande medida, o município tem apenas 20 mil habitantes. O mais importante hoje
não é focar em Quissamã. O
problema é discutir as cidades que não têm fontes de financiamento, dadas as
condições do sistema tributário nacional”.
A situação é preocupante, , porque as cidades que mostram as menores
receitas por pessoa são também as que apresentam os maiores problemas em termos
de desemprego, violência, educação. “Dependem muito de parcerias com os
governos estadual e federal.”
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