Conforme informações da mãe de Rafael, Sra. Patrícia, ele continua estável e ainda não há, dos médicos, nenhuma previsão de qualquer procedimento ortopédico ou neurológico. Nas últimas horas Rafael apresentou febre constante que, de acordo com suposições, pode ser devido ao edema cerebral, ou a uma suposta pneumonia adquirida por bronco-aspiração de sangue e bronquite, ou proveniente do ferimento da perna, bem como uma provável infecção hospitalar adquirida no hospital de Maricá ou no próprio Azevedo Lima.
De acordo com o comentário de Mônica Hatickvah, que tem acompanhado o drama de Rafael desde o seu acidente, apesar dele ainda continuar sob forte sedação, o dia de ontem (sábado) foi terrível, pois, além da chegada de uma febre repentina, nenhum médico esteve no CTI e Rafael ficou aos cuidados de um estagiário, além de ainda não haver nenhum laudo neurológico.
"__Confesso que desde o sábado passado, quando me deparei, inesperadamente, com aquele desastre horrível, com um louco que, além de sair destruindo a vida das pessoas, atirava a ermo, meu coração está apertado. Foi uma autêntica cena de terror! Recordo que naquele momento passou um filme na minha mente; aquele rapaz estirado na rua e as pessoas me informando que o SAMU só levaria a esposa dele, pois ele estava morto. Lembro ainda que uma multidão corria e tentava se esconder a cada ameaça de tiro e o corpo daquele jovem jogado, abandonado no chão, dado como morto. Fiquei olhando para ele e uma senhora chorando me disse: _Tadinho, morreu na hora! Estendi minha mão e orei ao Senhor que desse conforto à família do rapaz. Virei as costas para ir embora, com medo de levar um tiro de uma bala perdida, quando algo, que hoje entendo ter sido um toque de Deus, me fez voltar, me abaixar e colocar a mão em seu pescoço. Aí então, percebi que o seu coração ainda batia. Sentei no chão e fiquei ao lado dele tentando ajudá-lo, com a leiga experiência que tenho, de alguma forma. Depois de passados uns 20 minutos chegou o Ricardo Coutinho, que até então eu não o conhecia, e mais um outro que ainda não sei quem é. Ali, eu e este terceiro rapaz, passamos a obedecer as coordenadas do Ricardo que, por ser enfermeiro, fez com que o Rafael não bronco-aspirasse naquele momento, por causa de seu procedimento. Ficamos ali naquela tentativa de ajudá-lo na medida do possível por quase uma hora, até a chegada do SAMU. Daí você pensa: poxa, Passamos por tanta coisa! O momento da espera da SAMU, a luta para tirá-lo daquele matadouro que é o Conde Modesto Leal para não perdermos o menino por uma infecção? Não! Isso não! Ontem, fiquei trêmula o dia inteiro. Afinal, era sábado! E foi no sábado passado que tudo aconteceu. Não há como não viver a dor dele, da família dele; não há como não querer justiça; não há como não se revoltar com a saúde pública no Brasil; não há como não se revoltar com uma população que reelege um prefeito que nunca usou os recursos que tem em mãos para dar dignidade ao único Hospital de uma cidade tão pequena, mas que recebe royalties tão grandes! Por que tanto descaso? O jeito é não parar de orar, de compartilhar e de ficar de "olho", pois eu não confio em um Hospital com uma super lotação como o Azevedo Lima e que, como ontem, durante o turno do dia, entregou o CTI nas mãos de um médico estagiário!" desabafou, Mônica.
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