
Por causa dessa recusa, alguns maricaenses recorrem às garrafas PET, prendendo-as ao corpo. Essa é a realidade do município, conforme explicou o engenheiro Spencer dos Santos Ferreira, 56 anos, presidente da Associação dos Ostomizados de Maricá e Região (Aomar).
O movimento começou em 2007, quando pacientes com tal problema decidiram se reunir para cobrar providências. A prefeitura alega que não tem obrigação de distribuir a bolsa séptica, destinando a função ao governo do estado. Porém o argumento é rebatido por Spencer, desfolhando centenas de páginas de processo contra a Secretaria Municipal de Saúde.
"Se isso fosse verdade, os 23 processos que tramitam no judiciário maricaense não seriam unânimes. As decisões sempre foram a favor dos ostomizados. Isso confirma a obrigação do município, confirma a responsabilidade da Secretaria de Saúde. Para termos acesso, temos que ir à Justiça", disse.
Segundo a Prefeitura, o Departamento de Medicamentos Judiciais arregimenta as ordens da Justiça para liberar as bolsas sépticas e dá toda atenção aos 15 ostomizados da cidade.
"É de se estranhar que a prefeitura necessite de um órgão assim, que apenas confirma os poucos que recebem só porque entraram na Justiça. Além disso, é estranho eles incentivarem as pessoas que os procuram a entrar com ações individuais. Não sei a quem interessa essa prática, mas com os processos sendo individualizados, todas as compras entram como urgência,é por isso que estamos evitando ações individuais", afirmou Spencer.
Ainda de acordo com o presidente da Aomar, a cidade de Maricá, é a que mais desrespeita e agride as pessoas ostomizadas, violando o decreto legislativo 186, de julho de 2008, que trata da ratificação da convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência.
"De acordo com a convenção, deveríamos ter acesso ao serviço básico, a médicos e a enfermeiros. Nossa condição exige isso. Somos considerados portadores de necessidades especiais. Nem isso eles conseguem entender", pontuou.
Para Spencer, o drama é pior porque essas bolsas não são vendidas em farmácias. A Promotoria de Justiça de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência do Núcleo de Niterói e a Defensoria Pública de Maricá confirmaram, através de decisão judicial, que a prefeitura tem a obrigação de fornecer a todos a bolsa séptica.
"Como acreditar em políticos que tratam a população desse jeito?", questionou Spencer Ferreira, portador do mal de Crohn e que, há dez anos, é ostomizado.
Fonte: O São Gonçalo (reportagem de Claudio Costa Rosa)
Foto: Luiz Nicolella
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