Hospital de Maricá mata mais um: dessa vez foi o cidadão Fábio Rosa dos Santos

Maricá, 12/2/2012 – Anteontem, sexta-feira (10), por volta das 23 horas, no hospital Salgado Filho, faleceu Fábio Rosa dos Santos,  de 30 anos, por motivos de falência múltipla dos órgãos.

Segundo informações da direção do hospital, Fábio, cuja transferência havia sido proveniente do hospital municipal de Maricá, Conde Modesto Leal, já chegou ao Salgado Filho gravemente debilitado, infectado por diversas bactérias e totalmente desnutrido.

O caso de Fábio não foi diferente dos de tantos outros acidentados que moram no município de Maricá. Após ter sido brutalmente atropelado no acostamento da Rodovia Amaral Peixoto, próximo ao km 15, em Inoã (reveja a reportagem clicando aqui), foi levado pela ambulância do SAMU para o hospital Municipal de Maricá, Conde Modesto Leal, onde permaneceu internado, em estado grave, à espera de transferência para outro hospital por quase três semanas.

Amigos e familiares no último adeus a Fábio

Abandonado à própria sorte, Fábio dependia de um milagre divino que fizesse surgir uma vaga em algum outro hospital. Seus familiares, desesperados e sem saber o que fazer começaram a divulgar o fato na imprensa local, solicitando ajuda a quem pudesse. Foi quando uma moradora de Itaipuaçu, a líder comunitária do bairro Jardim Atlântico e amiga da família, Rose Castro, com a ajuda de outros amigos, depois de muita luta, conseguiu a remoção de Fábio, que já estava com sua saúde muito debilitada, para o Hospital Salgado Filho, no Rio de Janeiro. Porém, depois de uma semana em tratamento intensivo, Fábio não resistiu e veio a falecer.

O corpo de Fábio foi enterrado ontem (11), às 16h30, no Cemitério Municipal de Maricá, com muita comoção e revolta por parte de amigos e familiares. Clarice, a viúva do falecido, que desde o velório até o cortejo ao cemitério apresentava total estado de desespero, não parou de chorar e, ao ver  o caixão de seu marido ser enterrado, não resistiu e desmaiou, sendo levada às pressas ao “hospital” Conde Modesto Leal.

No hospital estava o caos

Chegando lá, demorou muito pra ser atendida, pois, naquela hora da tarde, o local já estava um verdadeiro caos, devido à quantidade de pessoas acidentadas que chegavam a cada instante para serem atendidas por apenas uma única médica, Dra. Flávia, que se desdobrava para atender a todos.

Outro acidentado em estado grave aguarda transferência

Enquanto nossa equipe acompanhava o atendimento à Clarice no Conde Modesto Leal, outros amigos e familiares de um outro morador de Itaipuaçu, que se acidentara de moto na noite anterior, estavam desesperados no pátio do hospital, pois similar ao caso de Fábio, deparavam-se com o mesmo problema: transferência da vítima para outro hospital. Confira os detalhes desse caso na próxima reportagem.

Nota do Editor:

Nesse mesmo dia, sábado, 11 de fevereiro, ao cair a noite, enquanto famílias desesperadas estavam no “hospital’, sem médicos, com seus entes queridos passando momentos terríveis, por volta das 20 horas, na praça municipal, num evento patrocinado pela prefeitura, com dinheiro público, subia ao palco o sambista Arlindo Cruz para o show de abertura do Carnaval 2012.

As perguntas que não querem calar:

Como será o atendimento no precaríssimo Posto de Saúde Conde Modesto Leal no período de Carnaval?

Quantas famílias ainda chorarão a perda de seus entes queridos?

Será que o preço que está sendo pago por uma reeleição em propaganda vale a perda de tantas vidas?