Campo de golfe em Jaconé bloqueia canal natural


Artigo de Márcia Benevides Leal 

Faz tempo que nos ferem de todo jeito e nos enganam, dizendo que não temos memória e esquecemos tudo. Até nos curatelam, passando por cima do Parágrafo Único do Art. 1º da CF. Compareça, hoje (12/1), a reunião em Saquarema, na qual escutaremos o que não vai acontecer: progresso e desenvolvimento.

É próprio do ser humano adaptar-se as situações e se são situações de sofrimento extremo seria melhor esquecer para poder prosseguir vivendo. Mas, quem passou por desastres  rotulados de naturais e agora com a mudança climática para ajudar a empurrar a nossa real geografia para debaixo do tapete ficou mais fácil abafar. Ninguém esquece o que nunca lhe foi contado!
Não há mais a possibilidade de sermos cordatos e polidos, se o que se pede, desde 2008, na parte do Recôncavo da Guanabara, é pela vida e já foram 234 óbitos por enchentes. Falamos da Região Serrana antes do evento em 11 de janeiro de 2011 e nada foi respondido.
No caso de Maricá, já se fala em reuniões, mas isso não bastou; então, fomos à Capital Federal e foram vinte viagens. Além disso, fizemos procedimentos no Rio de Janeiro e em Maricá, e a indolência tem sido a tônica de suas autoridades.
Não podemos dizer o dia, a hora e nem o número de mortos, mas quando acontecer serão muitos e todos que receberam os alertas e as denúncias deverão responder por isso.
 No dia 19 de agosto de 2010 tomamos conhecimento do assassinato da cidadã portuguesa ROSALINA da SILVA CARDOSO RIBEIRO, cujo corpo foi jogado na RJ 118 e, imediatamente, enviamos um e-mail para o Delegado de Maricá, que na época era o Dr. Sergio Simões Caldas, pois já havíamos repassado material para ele sobre os procedimentos em BSB  e, como acreditávamos que iriam resolver, achamos por bem que o Delegado de Maricá tivesse conhecimento.  Como o crime foi para a Delegacia de Homicídio no RJ, pedi que conseguisse um horário para que pudéssemos falar ao Delegado Dr. Ettore. Como os dias se passaram, resolvemos fazer diretamente e por e-mail, devido à importância da situação. A vítima viveu com LÚCIO THOME FETEIRA, o qual conseguiu titular 72 km ² de terras em Maricá, sendo que a maior parte estavam sob as águas lagunares.
Foram muitos e-mails passados à Delegacia e recebemos por e-mail do Dr. Etorre, de que deveríamos procurar um inspetor encarregado do caso e que nada respondia, até  que um dia perguntei e ele respondeu que eu dissesse a motivação e a autoria do crime. Então resolvi procurar o Juiz do caso em Saquarema, Dr. Iglezias, chegando lá fui informada sobre  o processo ter sido transferido  para Niterói e com outra numeração desde 30 de agosto de 2010 : achei muito esquisito.
Tudo o que era falado no início sobre o crime em palavras dos conhecidos desapareceu e em novembro decretaram a prisão de um advogado português. Se ele já estava na investigação, por que demorar 18 meses para requerer uma prisão num país que nem extradita natural e pior ainda: cadê  o assunto dos terrenos e procurações falsas? Tudo dito pelos amigos da vítima.
Ainda se tem o fato da ordem ter partido de uma Juíza de Araruama: era em Saquarema e foi transferido para Niterói e depois foi para Araruama passando direto por Saquarema. Não houve atenção ao CASO ROSALINA que é importante para todo o caso do sistema lagunar.
Como o estrangeiro titulou tantas terras e vizinhas num município de iniciado em 1815 como VILA, antes teve terras em REGIME DE SESMARIAS, depois se teve diversas fazendas. Sendo a primeira a Fazenda de São Bento de Maricá com os Bentos chegando em 1635. Depois da expulsão dos Jesuítas, a Fazenda que ia até a Lagoa de Saquarema recebeu as terras da Fazenda de Campos Novos dos Jesuítas e dessa forma ter titulado os 72 km² pode ser somente uma parte da historia: por que na titulação lê-se que a Fazenda de São Bento foi desmembrada da de Maricá e não poderia, já que ela foi a primeira. Junto de toda essa Fazenda veio também a parte que teve litígio  com os Bentos desde 1822 e que hoje tem o Loteamento Santa Clara e o Marinelandia que foram desembargados em 2009, pois o Desembargador Relator não queria provocar uma comoção social e também não quis prejudicar o comércio imobiliário da Região dos Lagos e todos que ficassem sobre as águas.
Tudo se relaciona, pois o Campo de Golfe só poderia surgir depois do Canal de Ponta Negra devido às águas. Além disso, Lúcio Thomé Feteira tentou fazer a caída do sistema lagunar para o lado contrário e descobrimos que, em época de “água grande”, as lagoas se comunicavam desde o Recanto de Itaipuaçu até o Rio São João. Para titular terras a terceiros, prejudicaram um sistema lagunar, do qual somente agora se sabe o tamanho. 
O estrangeiro que mandou acabar com a pesca artesanal em Maricá e levou as quatro colônias de pescadores ao desespero aparece em livro publicado pelo escritor e jornalista MIGUEL CARVALHO, que teria vendido muito peixe: que peixe?
Não se deu importância ao CASO ROSALINA e isso pode trazer muitos problemas para o Brasil.
Todos os acontecimentos desde o Recanto até o Rio São João estão interligados pela água e pela documentação; por isso, todos correm ao menor sinal de perigo e de escândalo, mas esburacar a APA pode! Acabar com a LAGOA BRAVA também e agora um porto em cima do campo de golfe sobre laguna costeira. Quanto deve ser a cota de óbitos que desejam nas enchentes inevitáveis? 
Agora, mais esse ataque a todos nós de forma individual, coletiva e à Nação: um porto em Jaconé! Quantas sirenes pretendem colocar e aonde?

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