Artigo de Adilson
Pereira
Na
última década, a população de Maricá aumentou consideravelmente. Alguns maricaenses
de berço afirmam que hoje o município tem mais moradores novos que antigos. Uma
realidade perceptível aos olhos mais descrentes. Os que escolheram Maricá para
viver, assim como eu, tinham como maior objetivo a qualidade de vida. Mas, o
que presenciamos neste período foi a vida dando um salto negativo de qualidade,
rumo a um poço sem fundo.
Muitos tentam se colocar à margem da
realidade política, dizendo-se apolíticos. É um direito, mas também uma pena. Por
mais importantes que sejam as ações de impacto social, financeiro ou de saúde
coletiva, direcionadas à população, todas têm que passar por decisões
políticas. Infelizmente, aqueles que resolvem como viveremos num futuro próximo
não são os que estudaram em demasia, apresentaram certidões negativas de suas ações
e certificados de escolaridade, trocaram momentos importantes pelo estudo,
ganharam olheiras, mau humor, cansaço excessivo. Infelizmente, os gestores
públicos não são os concursados, mas os apadrinhados!
Por outro lado, mesmo num Estado “livre
de direito”, temos que escolher nossos políticos por dever, não por obrigação. Estes
nos são empurrados por um grupo reduzido, travestido de defensores da ordem
pública. Neste caso, a atual maioria de novos moradores teve como único
parâmetro de comparação os últimos sete anos de desgoverno do “Sr. Volta que eu
Voto” e os três anos do pior governo da história do município. Qual o menos
pior?
O atual desgoverno, tipificado como QUADRILHA pelo então vereador Caiu
Motorista enquanto relator da CPI (hoje membro da QUADRILHA por ele citada), sequer merece citação no Guinnes da Vergonha. Na outra
extremidade da corda dos desajustados, temos o desgoverno anterior, até o
momento o mais vergonhoso da história do município, caracterizando-se por
escândalos, reportagens no Fantástico, passeios estapafúrdios, trevas, trevas e
mais trevas. Como resultado, temos um relatório avassalador da Controladoria
Geral da União/CGU, contendo 74 páginas de todos os tipos de desmandos da
gestão(?) do “Sr. Volta que eu Voto”. Não bastando, o número de processos
abertos contra sua pseudogestão é impressionante. O “Sr. Volta que eu Voto” é
de longe o desprefeito mais processado da história de Maricá.
O último inquérito aberto pelo
Ministério Público/MP contra o “Sr. Volta que eu Voto” é o de nº 271/2011
(número interessante), datado de 08/11/2011. Atribuição: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA & DEFESA DO ERÁRIO. Incansavelmente, temos o “Sr. Volta que eu Voto”
sendo investigado por DESONESTIDADE
& DESVIO DOS RECURSOS PÚBLICOS. Trata-se de INQUÉRITO CIVIL instaurado para aprofundar investigações
acerca de irregularidades constatadas pelo TCE-RJ no processo nº 211.708-9/05
em Tomada de Contas Ex Officio, concluindo pela imputação de débito e aplicação
de multa ao ex-prefeito de Maricá, Ricardo Queiroz.
O que mais nos intriga são os apoios
conseguidos. Um deles, do deputado Paulo Melo, atual presidente da Alerj, é um
verdadeiro enigma. Aos desconhecedores, Paulo Melo tem curral eleitoral em Saquarema. Seus
tentáculos se expandiram ao norte, chegando a Araruama, onde a Polícia Civil
deflagrou a “Operação Direção Oposta”. O Detran, como de costume, teve seu nome
enlameado pelos apadrinhados que o dirigem. O chefe de dois postos de vistoria,
Nildo Sá Ferreira, está foragido da justiça. Nildo, numa triste coincidência(?),
é sobrinho, apadrinhado político e indicação pessoal de Paulo Melo ao cargo.
Esta semana, um amigo postou em meu
perfil pessoal do facebook que o
deputado não poderia ser responsabilizado por erros cometidos por terceiros. O
problema é que os tais terceiros “não são tão terceiros assim”. O principal
fator que leva alguém a indicar um parente a um cargo de chefia em repartições
públicas é sua falta de preparo para encarar o mercado de trabalho. Um aspone
familiar nos remete à incompetência assumida
e consentida. Será que o deputado não conhecia a índole questionável e o
desvio de conduta de seu próprio sobrinho?
Para analisar melhor a questão,
vamos a outro detalhe. A prefeita de Saquarema, Franciane Mota, esposa de Paulo
Melo, foi derrotada no pleito passado. A derrota deixou o deputado fulo da
vida, levando-o a dar declarações públicas nada saudáveis em direção à
população local. Algum tempo depois, o prefeito recém-eleito, Dalton Borges,
que concorreu apoiado em liminar judicial, teve seu mandato cassado. Paulo Melo
lutou muito por isso, em nome da moralidade, visto que Dalton teve suas contas
rejeitadas pela câmara municipal de Saquarema. Belo gesto, deputado.
O que não conseguimos entender é o
apoio de Paulo Melo ao “Sr. Volta que eu Voto” que, assim como Dalton, teve
suas contas rejeitadas pela câmara municipal, a de Maricá. Seriam “dois pesos,
duas medidas” ou puro objeto de poder? Onde estão as ações em nome da
moralidade? Será que Maricá não merece o mesmo respeito e dedicação que o
deputado teve por Saquarema? Será que Paulo Melo não sabe que o “Sr. Volta que
eu Voto” só conseguirá ser candidato se estiver apoiado em liminar, assim como
Dalton? Será que Paulo Melo não conhece o relatório incriminador da CGU em
relação ao “Sr. Volta que eu Voto”? Será que Paulo Melo ainda não contabilizou
a quantidade de processos abertos pelo MP contra o “Sr. Volta que eu Voto”? Será
que Paulo Melo não foi informado que Robson Dutra, seu mais fiel escudeiro em
Maricá, foi descaradamente traído pelo “Sr. Volta que eu Voto”? Será que Paulo
Melo realmente ignora tais fatos ou, deliberadamente, se faz de ignorante
diante dos mesmos?
A CGU
e o MP devem estar completamente enganados, claro. Talvez o nobre deputado seja
detentor do “Olho de Thundera”, e sua
“visão além do alcance”, invisível aos normais, esteja norteando seus passos
rumo à moralidade e ao respeito para com nossa cidade. Por outro lado, quem
sabe, a CGU e o MP podem estar certos. Daí, ouviremos veementemente que não se
responsabilizam por ações de “terceiros”. Com este ato viciado ficaremos todos,
mais uma vez, com a sensação de que nos passaram “recibo de otários”. Prezado deputado,
o que lhe fizemos de tão mal para merecermos tamanho descaso?
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