Um conto de Marcelo Bessa
Este conto foi escrito baseado numa história real, porém seus personagens são fictícios. Qualquer semelhança, é mera coincidência.
Certa manhã, que Rômulo gostaria jamais tivesse existido no calendário da sua vida, um de seus colaboradores - nessa época ele administrava um restaurante e algumas cantinas do estabelecimento bancário em que trabalhava - veio à sua sala informá-lo que um garçom queria matar outro serventuário: um tal José que trabalhava na cozinha.
Perplexo, indagou a causa de tão insólita pretensão. Foi informado que o garçom, Edgar, era compadre de José, e que este violentara, por vários dias seguidos, a filha dele. Em estado de choque, Rômulo quis saber como tal violência pudera ter sido perpetrada. Disseram que a menina, com cerca de onze anos, estava passando uma temporada na casa de José, cujo motivo ninguém soube dizer. O seu desapontamento era grande porque José era um empregado exemplar. Tinha cerca de 10 anos de casa e todo esse tempo, segundo o informaram, nunca faltara ao serviço. Além disso, era disciplinado e discreto. Lia a Bíblia diariamente. Era um homem religioso.
Como era seu patrão, mandou chamá-lo, pedindo aos seus auxiliares diretos que os deixassem a sós. José era um tipo caboclo, com cerca de 40 anos, forte e de boa aparência. Em voz baixa, Rômulo disse que pesava sobre ele gravíssima acusação. Referiu-lhe o fato. José negou; declarou-se inocente; falou de sua condição de homem temente a Deus. Por um instante, muito breve, ficaram ali, os dois, em silêncio. Então, Rômulo, com a voz saindo-lhe da garganta com esforço, disse que seria obrigado a chamar a polícia dada a natureza grave da acusação de Edgar, a fim de que tudo ficasse apurado. Imediatamente José levantou-se pedindo-lhe que não o fizesse. Perturbado, retirou-se.
Para Rômulo, o caso terminara ali, pois a sua intenção de chamar a polícia não era real. Fora apenas um artifício de que lançara mão a fim de sentir a reação de José. Algum tempo depois, Neves, o gerente do restaurante, disse-lhe que José fora embora.
O tempo passou e José nunca mais apareceu. Nem sequer postulou qualquer tipo de indenização.
Certo dia, ao encontrar Neves, Rômulo perguntou-lhe como fora possível José violentar seguidamente, por vários dias a garotinha sem que a esposa se desse conta, já que, segundo lhe disseram, moravam num barraco de um só cômodo. Neves, olhando para algum ponto indeterminado, sussurrou que era a própria mulher de José que se encarregava de segurar a menina, imobilizando-a, a fim de que o marido realizasse o seu intento com facilidade.
Este conto foi escrito baseado numa história real, porém seus personagens são fictícios. Qualquer semelhança, é mera coincidência.
Certa manhã, que Rômulo gostaria jamais tivesse existido no calendário da sua vida, um de seus colaboradores - nessa época ele administrava um restaurante e algumas cantinas do estabelecimento bancário em que trabalhava - veio à sua sala informá-lo que um garçom queria matar outro serventuário: um tal José que trabalhava na cozinha.
Perplexo, indagou a causa de tão insólita pretensão. Foi informado que o garçom, Edgar, era compadre de José, e que este violentara, por vários dias seguidos, a filha dele. Em estado de choque, Rômulo quis saber como tal violência pudera ter sido perpetrada. Disseram que a menina, com cerca de onze anos, estava passando uma temporada na casa de José, cujo motivo ninguém soube dizer. O seu desapontamento era grande porque José era um empregado exemplar. Tinha cerca de 10 anos de casa e todo esse tempo, segundo o informaram, nunca faltara ao serviço. Além disso, era disciplinado e discreto. Lia a Bíblia diariamente. Era um homem religioso.
Como era seu patrão, mandou chamá-lo, pedindo aos seus auxiliares diretos que os deixassem a sós. José era um tipo caboclo, com cerca de 40 anos, forte e de boa aparência. Em voz baixa, Rômulo disse que pesava sobre ele gravíssima acusação. Referiu-lhe o fato. José negou; declarou-se inocente; falou de sua condição de homem temente a Deus. Por um instante, muito breve, ficaram ali, os dois, em silêncio. Então, Rômulo, com a voz saindo-lhe da garganta com esforço, disse que seria obrigado a chamar a polícia dada a natureza grave da acusação de Edgar, a fim de que tudo ficasse apurado. Imediatamente José levantou-se pedindo-lhe que não o fizesse. Perturbado, retirou-se.
Ilustração de H.Bessa |
O tempo passou e José nunca mais apareceu. Nem sequer postulou qualquer tipo de indenização.
Certo dia, ao encontrar Neves, Rômulo perguntou-lhe como fora possível José violentar seguidamente, por vários dias a garotinha sem que a esposa se desse conta, já que, segundo lhe disseram, moravam num barraco de um só cômodo. Neves, olhando para algum ponto indeterminado, sussurrou que era a própria mulher de José que se encarregava de segurar a menina, imobilizando-a, a fim de que o marido realizasse o seu intento com facilidade.
posta os outros contos. (pedro bessa)
ResponderExcluirOk, filhão! Fique antenado...toda sexta-feira!
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