Editorial de Marcelo Bessa - Como já era de se
esperar, a tal “Audiência Pública” inventada pelo Prefeito de Maricá,
Washington Quaquá (PT), 24 horas antes, não passou de uma falácia, uma farsa.
O horário estava
marcado para 18h desta terça-feira (13), mas desde as 17h, funcionários e
comissionados da Prefeitura já transitavam no entorno da quadra do colégio
Cenecista, local escolhido para a realização do evento.
Lá dentro, no
ginásio, um típico locutor de supermercados fazia a convocação dos 'convidados' para que ocupassem as cadeiras do recinto. Quaquá chegou acompanhado de
seus seguranças, como sempre, e cumprimentou um e outro, todavia, notava-se,
nitidamente, um
certo ar de insatisfação em alguns, por estarem ali, após o expediente. “
Oh, santa obrigação!” Acreditem, caros leitores, mas, minutos antes do início
da apresentação no picadeiro, todas as cadeiras já estavam ocupadas pelos funcionários e comissionados das 26 secretarias e 96 subsecretarias da Prefeitura; todos lá, inclusive alguns secretários e
subsecretários. Até o rapaz do cafezinho estava lá também. Do povo mesmo, quase
ninguém. Encontrei alguns amigos por lá. Moradores de Itaipuaçu e de Maricá
também, encolhidos no meio da ‘asponada’.
Com tudo nos
conformes e o circo armado, iniciou-se a Audiência Pública. Entretanto, faltava uma
figura importante; por onde andava o secretário estadual de Meio Ambiente
Carlos Minc, anunciado previamente pela secretaria de Comunicação como um dos
astros do espetáculo? Não apareceu. Faltou, infelizmente. Ou, quem sabe, talvez,
nem ele tivesse sido avisado, enfim.
O tal locutor,
com seu timbre de voz enrabichado numa característica entonação marqueteira, começou
anunciando os participantes coadjuvantes que comporiam a mesa ao lado da
estrela maior da noite, Quaquá, dentre os quais o subsecretário estadual de Meio Ambiente Antônio Hora, o
secretário municipal de Meio Ambiente Celso Cabral e o popular e carismático
secretário municipal de Assistência Social, Jorge Castor. O primeiro a
discursar foi o prefeito que anunciou investimentos de R$ 93 milhões em obras de coleta de esgoto nas regiões do Centro e de Araçatiba, em Maricá, dos quais R$ 33 milhões correspondentes ao PAC2 e R$ 60 milhões à contrapartida da Petrobras pela construção do emissário submarino do Comperj. Falou também sobre a
recuperação das lagoas, sobre a ponte da barra, da abertura da barra, de uma
tal comporta em Bambuí, de vários outros projetos e, finalmente, das obras de
saneamento (Puxa vida, quanta coisa pra se fazer nesses últimos seis meses!?). Nessa
última questão, tratou de passar a fala ao subsecretário Antônio Hora.
Com o suporte de um telão, Hora iniciou o
que seria uma explanação técnica sobre a implantação de um sistema de esgoto
nos bairros que ficam em torno da Lagoa de Maricá, no qual notei, no projeto, a
exclusão de Itaipuaçu, e a construção de um emissário que despejará os
‘dejetos’ desse sistema no mar, porém não especificou, tecnicamente, os pormenores
dessa obra.
Confesso aos prezados leitores que
não me lembro se o secretário Celso Cabral falou alguma coisa, mas com certeza,
Castor nada falou. O locutor, então, anunciou o momento das perguntas.
“Alguém tem alguma dúvida, alguma pergunta a fazer? Quem
quiser levante a mão que levaremos o microfone”, anunciou.
Ninguém se
manifestou. Obviamente que ninguém iria questionar o subsecretário e nem
contrariar o prefeito naquele momento. Então, levantei minha mão e,
rapidamente, um microfone sem fio foi-me oferecido. Não me restava alternativa se não fazer ao subsecretário Antônio Hora a seguinte pergunta:
“Boa noite, Subsecretário! Desses R$ 93 milhões, R$ 60
milhões são provenientes de recursos compensatórios da Petrobras por causa das
obras do emissário submarino do Comperj, no qual, através dele, serão
despejados dejetos e metais pesados, os tais “efluentes líquidos”, no mar de
Itaipuaçu, certo? Portanto, sendo o litoral de Itaipuaçu o local que poderá
sofrer o maior impacto ambiental, qual será a contra partida, em benefício, aos seus moradores?”
O subsecretário
ficou confuso e alegou que estava ali para responder perguntas sobre o sistema
de esgoto a ser implantado e não sobre as obras do Comperj. Então, ofereceu seu
microfone ao prefeito que, habilmente e evasivamente, tentou convencer-me de que, após a
implantação desse sistema e do seu perfeito funcionamento, com o tempo,
inevitavelmente, todo o restante do município acabará sendo beneficiado e, com
certeza Itaipuaçu não ficará de fora. Sem perder a oportunidade, pois
certamente havia lido a minha matéria sobre o assunto mais cedo na internet, enfatizou
que nenhum dejeto e nem metais pesados serão despejados no mar, e sim, água
tratada e que isso que falam por aí referindo o emissário a “coco-duto” é tudo
conversa fiada. “esse negócio de “coco-duto” não existe!”, exclamou.
O locutor veio
pegar o microfone de minha mão, mas nem deu tempo porque engatei logo outra
pergunta:
“Senhor Prefeito, por que o comunicado dessa Audiência
Pública foi enviado à imprensa somente no final da tarde de ontem?”, indaguei. Então
ele respondeu:
“Alguns jornalistas receberam com atraso mesmo, pois deve
ter ocorrido alguma falha técnica de envio (???), mas o comunicado foi enviado
há muito mais tempo”, disse.
Tentei despejar outra pergunta mas as mãos do locutor já
estavam sobre as minhas tentando me tirar o microfone e ficamos num discreto tal puxa
daqui, puxa dali, quando, de repente, uma senhora aproximou-se do pé do meu
ouvido pedindo para que eu perguntasse não sei o quê, enquanto que no meu outro
ouvido, Élcio, encarregado pela sonorização do evento sugeria que eu deixasse a
vez para outras pessoas e que voltasse com as perguntas mais tarde. Naquele
momento, diante daquela pressão toda, perdi minha concentração e resolvi
“passar a bola”.
Antes, ninguém
queria perguntar nada, mas a partir dali foi um tal de levanta a mão daqui,
levanta a mão dali, parecendo até uma operação de guerra em proteção ao
prefeito que estava prestes a ser bombardeado pelo meu batalhão de perguntas.
Alguns
funcionários e comissionados do prefeito fizeram, então, perguntas, porém sem
grandes relevâncias. Teve um deles que perguntou ao subsecretário, apontando com o
dedo bem em cima do telão, na imagem de uma tubulação, se naquele local haveria
obras de saneamento. Após ouvir a óbvia resposta afirmativa de Antônio Hora,
agradeceu o excelente trabalho realizado pela prefeitura. Como ninguém mais se apresentou, o locutor deu uma de João sem braço e começou a esboçar um anúncio de encerramento, mas como eu sou persistente tratei de levantar meu braço novamente, porém vi que eu ia acabar ficando na saudade. Então, dirigi-me ao Quaquá e fiz-lhe diretamente a solicitação:
"Prefeito, posso lhe fazer só mais duas perguntinhas?", pedi quase com o aquele olhar solícito do Gato de Botas.
" Tá bom, disse ele, manda! Mas faz as duas perguntas logo de uma vez!"
Então mandei:
" A primeira: O senhor não acha que estão colocando o carro na frente dos bois, já que a obra ainda nem foi licenciada? A segunda e última pergunta: Sendo o senhor do PT, mesmo partido da presidente Dilma e com esses programas PACs disponíveis desde a época do Lula, por que então o senhor só decidiu fazer essas obras de saneamento agora e não no início do seu governo?" Ouvi um "AHHHH" geral ecoando da platéia. No mesmo instante percebi que formulei erradamente essa pergunta, pois abri uma brecha para ele deitar e rolar na resposta com aquela velha história e aquele blá-blá-blá todo de que pegou o município quebrado, devendo e coisa e tal, e ele respondeu conforme a minha infeliz previsão. Nessa, ponto pra ele. Tudo bem. Quanto à primeira pergunta, ele ficou meio de saia justa mas como responder evasivamente é o seu forte, se saiu dizendo que às vezes a Petrobras exagera, dando a entender de que é ela quem, verdadeiramente, manda no Brasil.
Finalmente, encerramos o debate e, para a o alívio e felicidade do Locutor o evento pôde ser encerrado.
Pelo menos, apesar da minha decepção com a "amarelada" de alguns colegas os quais até aquele momento eram tidos por mim como ídolos, por serem um pouco mais velhos, com mais experiência na profissão, etc, saí dali com uma certa leveza espiritual. Pela primeira vez tive a oportunidade de entrevistar o nosso tão polêmico prefeito Quaquá e conclui que ele é tão esperto e sagaz quanto a secretária de administração Lady Kate, Maria Helena Alves, a qual já tive o prazer de entrevistar numa outra Audiência Pública na Câmara de Vereadores. Segundo declaração do prefeito, em seu discurso de apresentação, haverá outra Audiência Pública sobre o tema abordado, então, creio que nessa ocasião estarei mais bem preparado. Valeu, Prefeito! Obrigado e até a próxima!
Se vc é realmete jornalista...me diga onde se formou pq vou rasgar o meu diploma. A sua participação neste evento foi deplorável. monstrando total despreparo para o debate e nitidos sinas de insegurança como gageira, ansiedade.... seu texto é pobre em informação despejando muitos sinais de parcialidade, adjetivando....colocando sua opinião diante dos fatos. se é um representante autorizado pelos moradores de Itaipuaçu a representa-los ...fico triste pela escolha, já que um dos bairros mais lindos desta cidade não merecia uma voz tão desproporcional a qualidade desta localidade. Espero que em outros encontros vc estude mais sobre o tema e procure demostrar segurança. diferentemente do que vc escreveu...vc foi engolido pelos debatedores, inclisive pelo prefeito que o colocou no chinelo. se quer informar seus leitores, se é que tenha algum, se desaproprie das suas visões oposicionistas e redija, ou pelo menos tente, de forma imparcial relatando o que realmente aconteceu. desta forma vc terá o respeito de seus possiveis leitores e seus textos serão lidos com credibilidade.
ResponderExcluirabraços!
MEU CARO, VOCÊ FOI BEM ATÉ DEMAIS, VALEU! NÃO DÁ PRA TIRAR LEITE DE PEDRA, FAZER OS COMISSIONADOS SE POSICIONAREM CONTRA O GOVERNO. É CLARO QUE, POR TRÁS, TIRANDO OS COMISSIONADOS, E ATÉ ALGUNS DELES,O RERSTANTE SENTA O MALHO E ESTÁ ESPERANDO O PCCS PROMETIDO QUE ATE HOJE NÃO VEIO. VOCÊ TEM RAZÃO: A POPULAÇÃO DE ITAIPUAÇU, POR ESTAR MAIS DIRETAMENTE PREJUDICADA COM O COCÔPERJ, TINHA QUE TER TRATAMENTO COMPENSATÓRIO-INDENIZATÓRIO. MARICÁ VAI VIRAR A EXTENSÃO DA BAÍA DA GUANABARA...
ResponderExcluirMeu amigo "anônimo", muito obrigado pela sua crítica. Mas, me desculpe, se você é meu colega de profissão deveria saber a diferença entre artigo, matéria e EDITORIAL. Respeito desde já o seu ponto de vista. Sei que em minha posição, na qual, constantemente, eu me sinto na obrigação de revelar os fatos verdadeiramente, nem sempre sou amado ou idolatrado, no caso daqui na nossa região, principalmente por aqueles que recebem aquela "boquinha" lá na prefeitura e que provavelmente deve ser o seu caso. Então, caro "anônimo", faça como eu: mostre a cara! Abraços!!!
ResponderExcluirAo leitor anônimo do comentário das 13:49, muito obrigado!
ResponderExcluirMarcelo Bessa, já era sua fã e agora depois dessa fiquei mais ainda! Você tava demais ontem. Muito profissional e corajoso!! Continue assim sempre! Site bomba! Um beijo grande!
ResponderExcluirDrica
Querido Marcelo Bessa,
ResponderExcluirLi sua matéria e gostei muito embora discorde de você no que diz respeito a seu comentário:..."ponto pra ele"...Ora, se pensarmos melhor, veremos que na realidade além da assessoria, ele sabe engabelar qualquer pessoa desprovida de conhecimento. Fica, no meu ponto de vista novamente, a certeza de que o povo presente nesta convocação gosta mesmo de migalhas e de um tratamento nada digno.Infelizmente é assim mesmo, porém esse ano a coisa muda, pois todos nós do Fora Quaquá, Maricá em Ação entre outros movimentos, faremos um trabalho de conscientização e mobilização junto à população de Maricá num todo. Esse "governinho" não perde por esperar!!!
Marcelo Silveira.
Vlw, Dri!!! bjão!
ResponderExcluirObrigado, Xará!
ResponderExcluirVeja só: o Marcelo deixou um Comissionado baba-ovo se manifestar aqui. Isso é Democracia. Agora, será que o Prefeito deixa alguém criticá-lo no Face dele? Pense. Veja a diferença.Marcelo, liga não. Imagina... Gaguejar não é nada diante de um prefeito com voz esganiçada de pato... Parabéns.
ResponderExcluirMarcelão não esquenta com o Zé Bokinha do 1º comentário não. Tu foi bem pra caraca! Não importa quem foi melhor ou pior. O importante é que voce cumpriu o seu papel com coragem e profissionalismo. Que isso pelo menos sirva de lição pra esse bando de jornalistazinhos bunda moles e vendidos que tem por aqui. Forte abraço!
ResponderExcluirO ZÉ BOQUINHA PODIA FAZER O SEGUINTE. ESPERA UMA REUNIÃO COM O POVO DE ITAIPUAÇU, COM A POPULAÇÃO RESTANTE DE MARICÁ, AÍ CHAMA O PREFEITO PRA FALAR NO MICROFONE. SEM GAGUEJAR...
ResponderExcluirMarcelo,
ResponderExcluirGostei da sua matéria. Sou morador de Itaipuaçu e sofro diariamente com o descaso desta atual administração municipal e daquela que a antecedeu. A minha indignação com tanta corrupção será convertida em voto contra esses canalhas, vereadores e prefeitos que governam e governaram Maricá. As eleições municipais estão próximas e os eleitores vão dar a devida resposta ao desprezo com que foram tratados.
Marcelo Bessa, parabéns pelo seu empenho em mostrar os fatos ao povo de Maricá.
Paulo Martins.
DEIXA O HOMEM ROUBAR, QUER DIZER, TRABALHAR!
ResponderExcluir~~~~~~~~~~~~~~~~ ASSINE E DIVULGUE
ResponderExcluirA PETIÇãO CONTRA O DUTO DO COMPERJ: http://preserveassim.org/fora-duto/
A Audiência Pública é o recurso mais democrático e participativo disponível ao cidadão. Vendo que o povo já está acordando para a BADERNA (tanto em Niterói com em Maricá, ou se preferir, no Brasil inteiro), e aparecendo nelas para PARTICIPAR, OPINIONAR e PROTESTAR, eles recorrem à falcatruas como esse TEATRO que foi essa pseudo-audiência.
Atos como esse (anúncio-prévio de 24hr) mostra que, na realidade, os governantes estão , pela 1a vez, COM MEDO do povo.
E isso já é progresso.